Tribuna Livre: A vitória da democracia

Por Mauro Passos, ex-dirigente do Sinergia, ex-vereador por Florianópolis e ex-deputado federal por Santa Catarina. Mauro Passos foi o ÚNICO eletricitário de Santa Catarina a ser colega de legislatura do atual presidente, Jair Bolsonaro, entre os anos 2003 e 2007

Dia 30 de outubro de 2022 ficará marcado na história do Brasil, como uma frente de diferentes que se uniu em torno de algo comum: a defesa da democracia. O risco que corríamos era de um projeto de perpetuação no poder, militar/familiar. Algo como no Egito antigo, uma dinastia de “faraós”. As consequências dessa possibilidade são as piores possíveis. O país continuar sendo um paria internacional.

Não se trata de uma visão catastrófica, como alguns podem entender. A ideia do atual governo sempre foi dividir o país em dois grupos, os que apoiam o governo “acima de tudo e de todos” e os que querem oportunidade para todos e viver em paz. Basta lembrar a primeira manifestação de Bolsonaro quando se elegeu e o vergonhoso final do seu governo: a inexplicável – paralisação combinada – dos caminhoneiros.

Quanto ao Lula, depois da confirmação do resultado, seu pronunciamento é um registro histórico. Ao apontar como prioridade unificar o Brasil, o presidente legitimamente eleito não acredita que um país dividido possa ter futuro. Suas palavras repercutiram não só aqui, como no mundo todo.

Enquanto escrevo, acompanho as movimentações antidemocráticas acontecendo em nossas estradas, com caminhoneiros bloqueando rodovias a mando de alguém. Bolsonaro se fazendo de morto ainda não reconheceu formalmente a derrota, como já deveria ter feito. De certa forma, seu desatino segue o script do amigo Trump que, aliás, se deu muito mal.

Analisar o resultado das urnas pode ser por intuição ou por uma tese de doutorado em ciências políticas. A primeira até arrisco a dar um palpite – conheço Bolsonaro e ele é muito ruim: o cargo está muito acima das suas limitadas condições de gestão e de liderança. A segunda opção exige estudo e muita leitura. Não dá para ser agora, até porque Jair parece que não quer sair. O que seria uma sandice. Um mico a mais na conta dele. (*)

(*) O silêncio de Bolsonaro, que ainda não reconheceu a derrota, é patético. Em algumas estradas, caminhoneiros bloqueiam as rodovias por não aceitarem o resultado. Só que eles não têm nada com isso. Mais uma vez, estão sendo usados. Estamos atentos. Vamos aguardar os desdobramentos.

PS: O grande diferencial entre Lula e Bolsonaro, não está nos votos de cada um. Está no que cada um é. Bolsonaro é um autoritário. Em 2018, apostou em dividir o Brasil e quase conseguiu. Lula é um estadista comprometido com a democracia.

No seu primeiro pronunciamento depois de eleito, já demostrou sua vivência política e sua capacidade natural de liderar: “Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que apoiaram nossa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora”.

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