Adeus à Driessen

Por Paulo Sá Brito e Luiz Césare Vieira

No dia 21 de Julho, em Joinville, faleceu Silvino Driessen, aposentado na Celesc em 1984, depois de marcantes 43 anos de trabalho. Driessen foi um dos pioneiros nos tempos em que a estatal buscava organizar o caótico e insuficiente sistema elétrico de Santa Catarina. Conversamos com ele em 2015. Na ocasião viajávamos por todo Estado colhendo depoimentos para o livro Histórias de Luz.

Bem-disposto, apesar da idade, Silvino lembrou as dificuldades de um tempo rústico, quando a tecnologia ainda engatinhava. Não possuía telefone e não foram poucas as ocasiões em que o chamaram em casa na madrugada para resolver problemas na Usina Piraí ou na Usina do Bracinho. Só deixava um bilhete para a família, dizendo não saber quando retornaria. “Quantas vezes fui a Piraí de carroça. No Bracinho, só para subir os 438 degraus com as ferramentas nas costas, levava uma hora e meia”. O dilema era atravessar os rios, a camionete boiando na correnteza, necessitando ser puxada por cavalos. 

Mas o orgulho de Driessen era mesmo a oficina mecânica de manutenção, onde trabalhou por quatro décadas, a maior parte como chefe. A oficina era uma referência na Celesc e na comunidade. Além de ferragem para redes e subestações, cintos de segurança e luminárias, fabricavam transformadores, quando estes não eram produzidos no Brasil. Chegaram a construir o maior transformador do país. “Era bonito ver 80 pessoas trabalhando na oficina e resolvendo qualquer tipo de problema”, lembrou-se com saudade.

Silvino não esqueceu o dia da aposentadoria. “Era 29 de fevereiro e eu estava fazendo uma reforma na comporta do Oitavo Salto, no Bracinho, quando me entregaram a carta dizendo que eu estava aposentado. Falei que primeiro iria terminar o serviço. Fiquei mais uns dias até terminar tudo. Se fosse possível, começaria tudo outra vez”, arrematou. 

O tempo, sabemos, passa rápido para todos. Resta-nos preservar as histórias de colegas que deixaram um rico legado e ficarão na memória de muitos pelo destaque na construção da Celesc e da energia em Santa Catarina. Driessen foi um deles.

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