Tribuna Livre: Novos e velhos inimigos

Por Leandro Nunes da Silva, Diretor Administrativo-Financeiro da Celos

Na sexta-feira, 20 de janeiro, o Conselho de Administração deu continuidade ao processo de antissepsia da Celesc. Ao demitir o ex-Diretor Presidente da empresa, deu-se mais um passo para o fim da Monarquia “Dom Moises I” na Alta Administração da Companhia.

O representante dos empregados no Conselho de Administração, Paulo Horn, fez um relato brilhante sobre esse processo de limpeza no Boletim do Conselheiro nº 26. Com o título de “Novos Tempos, Velha Luta” o conselheiro aproveitou para realizar um resgate histórico de diversos enfrentamentos que tivemos com um dos mais conhecidos acionistas minoritários da Celesc, que acabou voltando à ordem do dia como a última tábua de salvação do já combalido ex-Diretor Presidente: o investidor Lírio Parisotto.

O conselheiro Paulo, jornalista de formação, é um hábil escritor que insere na construção do seu texto uma série de analogias e citações, de Marx a Getúlio, para dar substância à sua linha de raciocínio, publicando um dos melhores boletins da trajetória do representante dos empregados no Conselho de Administração, honrando escritores e poetas que nos representaram tão bem naquela instância e entraram para a nossa história, como Paulo Sá Brito, Luiz Cesare Vieira e Arno Cugnier.

Para além do texto, uma coisa me chamou atenção enquanto fazia a revisão do Boletim: a foto escolhida para ilustrar a capa do informativo. Paulo buscou, nos arquivos da Assembleia Legislativa, um registro da participação de Parisotto em um debate realizado na ALESC, no longínquo ano de 2009.

Naquele momento, passávamos por um momento de constante enfrentamento com Lírio Parisotto, PREVI, Tarpon e segmentos do Governo do Estado de Santa Catarina que tentavam privatizar a Celesc de qualquer maneira. O nosso representante no Conselho de Administração naquela época, Jair Fonseca, tinha atuação destacada nessa luta, sempre apoiado de perto pelos sindicatos da Intercel.

Dessa malfadada participação de Parisotto na Assembleia Legislativa, potencializamos ainda mais a luta pela defesa da Celesc Pública para, 07 meses depois, aprovar por unanimidade no plenário da ALESC a mudança na Constituição do Estado de Santa Catarina que obriga a realização de Consulta Popular para quaisquer tentativas de privatização da Celesc Distribuição. Mais do que a lembrança daquele episódio, olhar a foto escolhida pelo Paulo para o boletim é, acima de tudo, comovente.

Naquela época, quase 14 anos atrás, Dirceu, Henri, Sandro, Zé Marcelo, Jerry, João de Liz, Sebastião, Marinho, Sigval e eu, para listar somente os que aparecem no registro fotográfico, tínhamos, além de mais cabelo (contém ironia), muitos sonhos, expectativas e incertezas sobre o futuro da empresa. Não sabíamos se venceríamos aquela batalha, assim como tantas outras que se seguiriam depois daquela. Não tínhamos como prever o caminho que cada um trilharia, onde o trabalho nos levaria, mas tínhamos a mais absoluta convicção que a luta valia a pena e que a defesa da Celesc Pública seria permanente.

Nesses anos todos, de lá para cá, muitos colegas nos deixaram. Alguns se aposentaram, outros infelizmente partiram para a eternidade, mas muitos outros se somaram a essa luta permanente. Mais de 2500 empregadas e empregados foram contratados nesse tempo, herdando essa história com a responsabilidade de continuar trilhando esse caminho daqui para adiante.

Velhos inimigos voltaram e novos inimigos surgiram, apenas para nos deixar e retornar a atacar, mais cedo ou mais tarde. E será assim enquanto estivermos por aqui, com quem estiver por aqui, liderados por gente boa igual o conselheiro Paulo e tantas outras novas lideranças que foram aparecendo, trabalhando e se unindo nesse período e que continuarão a aparecer, porque é disso que é feita a luta coletiva.

Henri, Marinho, Zé Marcelo, Dirceu, João de Liz, Jair e eu, citados neste relato, permanecemos aqui, agora mais preocupados em dar sustentação a nova geração, cada um do seu jeito, no seu espaço, com a responsabilidade de continuar trabalhando, sem deixar a história ser esquecida, servindo de aprendizado, exemplo e motivação na defesa da nossa Celesc Pública, patrimônio dos catarinenses.

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