Tribuna Livre: Janeiro de 2023, um mês para ficar na história

Por Mauro Passos, trabalhador aposentado da Eletrosul, ex-dirigente do Sinergia, ex-vereador por Florianópolis e ex-deputado federal por Santa Catarina

Nos EUA, o segundo principal feriado nacional é em janeiro. O dia é definido por Decreto Presidencial todos os anos. O homenageado é Martin Luther King, um pastor batista que se tornou o principal ativista político da causa negra até o seu assassinato, em 1968. Todos os anos as principais universidades americanas promovem uma semana de discussão sobre a sua história e a importância do seu legado.

Por coincidência, estava na Universidade do Texas, em Austin, quando ocorreu a semana MLK em janeiro de 2018. Agora, também por acaso, durante o mais turbulento janeiro da nossa história, estava em Madison na Universidade de Wisconsin. Depois de quatro anos de desgoverno, sabia que iam aprontar. Só não imaginava que houvesse tanta cumplicidade e tanta ousadia a ponto de transformar a Capital Federal numa minicidade de golpistas e criminosos.

O que se passou naquele 8 de janeiro de 2023 em Brasília não pode ser esquecido. No domingo anterior à magnífica cerimônia da posse de Lula (PT), com repercussão no mundo todo, não podia ser enlameada por um bando de insanos com a visível conivência das forças de segurança responsáveis por proteger os bens públicos da República. Com certeza, foi o pior dia da nossa história recente.

Um bando de alucinados se juntou para derrubar um governo recém eleito. Gente de todo tipo, arrebanhados como gado, a serviço de inescrupulosos da pior espécie. Os mandantes e financiadores da barbárie estão sendo identificados e presos.

Para o bem do País, o governo agiu rapidamente. O afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Barros (MDB), e a prisão do seu Secretário de Segurança, o ex-ministro da Justiça Anderson Tores, se deu no momento certo.

No dia seguinte, 9 de janeiro, o Brasil era outro. As novas manifestações de rua pró-golpe em outras capitais não vingaram, os militares recuaram e o capitão fujão continuava em férias na Flórida, nos EUA. O presidente Lula não perdeu tempo e em poucos dias mostrou a todos por que se elegeu. (*)

O que não aconteceu em quatro anos, Lula fez acontecer em três semanas: duas reuniões com todos os governadores, ministros devidamente empossados, países vizinhos visitados, recepção com assinatura de vários acordos de cooperação com o chanceler alemão Olaf Scholz e a atenção especial a tragédia dos Yanomami. Só não vê quem não quer.

Se o golpe previamente organizado com a conivência de muitos não fosse abortado, o nosso destino estava traçado: seríamos hoje a maior republiqueta do mundo, com mais de 200 milhões de pessoas! Por isso deixo como sugestão que o dia 8 de janeiro seja uma data oficial para se debater “A DEFESA DA DEMOCRACIA”. Quem sabe o ministro da Justiça Flávio Dino (PSB) goste da ideia. Não custa tentar.

(*) O capitão Jair está atrás de um novo visto para ficar mais tempo nos EUA. Até onde sei, não é bem-vindo. Ao solicitar essa nova condição, o ex-presidente está reconhecendo sua culpa. Quem diria, o todo poderoso tem que se explicar lá e aqui. Seus seguidores, por essa, não esperavam. O mito virou mico.

PS: A defesa da democracia tem que estar presente entre nós. O Brasil não tem motivos e nem razão para ter o segundo maior exército do continente americano. Só perde para os EUA. Nossa última participação num conflito armado com vizinhos foi na guerra do Paraguai, de 1864 a 1870. Historiadores estimam que entre civis e militares, 400 mil “hermanos” morreram na guerra.

A guerra é o pior dos mundos, uma tragédia para todos. O conflito Rússia/Ucrânia vai completar um ano sem vencedores, só mortos. Não se pode militarizar governos. O gosto de se perpetuar no poder aparece. Uma parcela considerável da sociedade ainda não entendeu o que estava em jogo no Brasil. Parte se deve aos “ceo’s de robôs” que inundaram as redes sociais com notícias falsas. O pior já passou, mas é preciso estar atento.

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