Tribuna Livre: De volta aos doces bárbaros

Por Rafael Reginato Moura, publicitário, trabalhador da CGT Eletrosul e dirigente do Sinergia

Enquanto Sindicatos de outras categorias debatem a possibilidade do home office ou da redução da jornada e dias de trabalho, o tema “privatização e ameaça de privatização” virou pauta maior nos últimos anos nos Sindicatos que compõem a Intersul e a Intercel.

O tema consome todas as energias e, com isso, a linguagem arejada, mais próxima dos jovens, acaba sendo comprometida, engolida. Ninguém deve se culpar por isso.

O neoliberalismo, vejam com que nível de sofisticação, conseguiu se apropriar e dar novo valor a termos como “engajamento”, agora usado livre, leve e solto nos manuais de ESG. Nos sobra, por exemplo, assistirmos a um filme (engajado??) como “Meu nome é Gal” e percebermos a identificação de grande parte da plateia jovem com a personagem (insossa? Amorzinho? Alienada? Pouco engajada?).

A única conclusão que consigo tirar disso em relação a uma proximidade com os jovens é a de que são politizados sim, mas muitos, muitos mesmo, não querem ser engajados. Teoricamente aptos, mas fugidios à prática. A “praxis” possível, nesse caso, ganha invariavelmente o protagonismo das redes sociais, mais fácil de atuarem, de se mostrarem e de se esconderem.

O movimento sindical é muito mais duro atualmente do que o movimento estudantil. Será que muitos dos jovens que aderem e participam do movimento estudantil estão sendo atraídos pelo movimento sindical? Será que os jovens que se “engajam” em pautas estudantis, valendo-se dos benefícios de recessos e descansos mais longos, tempo maior ao ócio, estão dispostos a essa luta trabalhista, sem tempo e encarnecida que vivemos? Confesso que o jovem, que ainda insiste em suspirar aqui dentro, muitas vezes se depara com essas próprias dúvidas.

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