Tribuna Livre: A mudança do Estatuto Elos e o conto do vigário

Por Roseli da Silva, trabalhadora aposentada da Eletrosul

Esta estória é dita que aconteceu no século XIX em Portugal: “quando alguns espertalhões chegavam nas cidades remotas e se apresentavam como emissários do vigário, diziam que tinham uma grande quantia de dinheiro numa mala que estava bem pesada e que precisaria guardá-la para continuar viajando.

Falavam que, como garantia, era necessário que lhes dessem alguma quantia em dinheiro, para viajarem tranquilos e assim conseguiam tirar dinheiro dos portugueses facilmente”.

Dessa forma, até hoje somos vítimas do “conto do vigário” que anda por aí. Por isso, a dica é tomar muito cuidado com ajudas e ganhos que, efetivamente, não se realizarão.

Estamos sendo alardeados nos últimos dias com a proposta de mudança de Estatuto da Fundação ELOS.

A proposta, contida no site, apresenta mudanças na composição dos Conselhos, retira o representante eleito na Diretoria, abre para mais um indicado da empresa e cria insegurança para os Conselheiros indicados realizarem seus votos pensando na boa gestão da Fundação. Este processo tem sido realizado sem que a empresa realize um debate com os sindicatos e as entidades representativas, o que gera, por si só, insegurança e cria um clima de desconfiança entre os empregados e aposentados sobre a real finalidade da mudança.

O assunto já foi pautado em duas reuniões no Conselho Deliberativo da Fundação e tivemos um pedido de vistas de um Conselheiro Eleito na primeira reunião, o que permitiu um prazo maior. Na segunda reunião, assim como na primeira, tivemos a mobilização dos participantes, com a iniciativa da Intersul e apoio da AAPE e da APROSUL, para que o processo fosse discutido com as bases. A falta de diálogo da empresa forçou com que as entidades buscassem ocupar o espaço para alertar que uma das principais partes, os participantes da Fundação, estavam fora da discussão das alterações, visto que, os conselheiros eleitos são impedidos, pelo regimento, de discutir estes assuntos com os participantes e compartilhar documentos necessários para uma melhor análise.

As entidades tentaram contatos com os Diretores e outros gestores que foram muitos evasivos e em nenhum momento formalizaram a intenção. Houve o relato informal de um dos gestores que as mudanças eram necessárias para atender as adequações pedidas pela Holding, e com isto, conseguirem no futuro captar os planos de previdência que a Holding era patrocinadora para a Fundação ELOS administrar.

Muito estranho tais mudanças serem feitas com este sentido e não serem colocadas para nós discutirmos os reflexos, o que nos parece que todo este processo se assemelha com o conto do vigário. Acreditar que a mudança trará benefícios para que a Fundação ELOS consiga ganhos futuros, nos faz esquecer quais os males que a mudança pode acarretar em nossas vidas.

O que a mudança pode nos acarretar no futuro? Se você olhar em volta, as empresas que sofreram esta mudança recentemente, tiveram o mesmo histórico da CGT Eletrosul: primeiro a empresa foi privatizada, ou teve anúncio de privatização, segundo ato foi a mudança do Estatuto para se adequar à Lei 109/01 e terceiro, seguindo a política destes novos gestores, tiveram a solicitação de Retirada de Patrocínio para os planos BDs, ou no caso do plano CDs, revisão das tabelas de contribuição.

Então a mudança proposta pela empresa nos coloca fragilizados para decisões que podem afetar futuramente nossos benefícios ou na montagem de reservas para nossa vida pós trabalho. O Conto do Vigário tem várias formas de ser contado, mas a fórmula é sempre a mesma, como vocês podem perceber.

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