O Dia do Eletricitário é um dia de luta

No atual contexto, data comemorativa serve para refletir e mobilizar trabalhadores contra desmontes e desmandos da atual diretoria da Celesc

Na última segunda-feira, dia 09, foi comemorado o Dia do Eletricitário. Instituído em 2017 por um projeto de Lei do então Deputado Estadual Dirceu Dresch, depois de ampla articulação dos sindicatos da Intercel, o dia do eletricitário é uma lembrança no calendário oficial do Estado da importância dos trabalhadores celesquianos na construção e desenvolvimento social e econômico de Santa Catarina. Não é à toa que o dia do eletricitário foi instituído no mesmo dia em que a Celesc foi fundada: é uma lembrança constante que as instituições são feitas de pessoas e que, aqueles que trabalham para sua grandeza devem ser respeitados e valorizados.

Entretanto, no atual contexto, a data que era para ser comemorativa nos convida à reflexão. Vivemos, hoje, um dos momentos de maior desrespeito com a história dos celesquianos e de constantes ataques à Celesc Pública e aos direitos dos trabalhadores. Este momento não é fruto de indicados políticos que foram colocados pelo Governador do Estado nos maiores cargos administrativos da maior estatal catarinense para conduzir um desmonte irresponsável, arriscando o bom atendimento à sociedade.

Representantes dessa realidade, o presidente da Celesc, Cleicio Poleto Martins e a Diretora de Gestão Coorporativa, Claudine Furtado tem grande responsabilidade neste momento, mas não estão só. Auxiliando os ataques estão funcionários de carreira, eletricitários que galgaram degraus na estrutura administrativa da empresa e se esqueceram do caminho, se esqueceram que antes de ter uma função gratificada faziam parte de um coletivo.

Os diretores Fábio Valentim, Pablo Cupani e Sandro Levandoski, todos empregados de carreira ocupam cargos de diretoria, demonstram que, infelizmente, o apreço pelo cargo cega para as mazelas que eles conduzem. Outros comissionados, sejam chefes de agência, de departamentos ou divisões, gerentes e supervisores, com obediência cega e irresponsável, contribuíram para dar vida aos planos da administração.

Foi com aval e auxílio deles que o presidente da Celesc iniciou sua trajetória na empresa com a destruição das Agências Regionais. Encaminhada de forma autoritária e desordenada, a reestruturação administrativa foi criticada por todos os segmentos da sociedade. Passado quase um ano, a reestruturação não trouxe nenhum resultado positivo. Pior: correm os boatos e que o golpe final nas agências regionais será dado nos próximos dias.

Foi também com substancial participação de empregados de carreira que a Diretoria da Celesc atacou direitos históricos dos trabalhadores no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Atacando a garantia de emprego, o plano de saúde e várias outras conquistas da categoria, a Diretoria da Celesc demonstrou a nova lógica: espremer os trabalhadores e descarta-los de acordo com a conveniência. Além disso, foram estes que decidiram punir os trabalhadores que paralisaram as atividades em defesa dos direitos do ACT, descontando o dia e o descanso semanal remunerado.

O ataque às entidades sindicais veio desde o início desta gestão. Foram, novamente, os traidores dos celesquianos que ajudaram a construir as propostas de redução de dirigentes sindicais liberados, contribuindo para o plano de enfraquecer a categoria, minimizar a resistência, destruir direitos, enxugar a empresa e torna-la ainda mais atrativa para a privatização.

Com pareceres mirabolantes e desprezo pelo direito democrático, funcionários de carreira deram subsídios para o golpe contra os mandatos do Diretor Comercial e do Representante dos Empregados no Conselho de Administração. Também cooptados pelos desejos particulares, empregados aceitaram fazer parte do plano encabeçado pelo presidente da empresa, aceitando o papel de candidatos da administração contra os mandatos legítimos de eleitos pelos celesquianos.

Além disso, vivemos um momento onde empregados de carreira defendem a terceirização, atacando eletricistas e atendentes comerciais como forma de romper com a unidade da categoria e a resistência a este projeto privatista.

Chegando ao final deste texto, quase que construímos uma retrospectiva da traição. Em comum, em todos estes momentos onde os trabalhadores foram desvalorizados, atacados, perseguidos e desrespeitados há um dedo trabalhador que traiu a todos os outros trabalhadores.

Individualismo é uma faceta da humanidade. Farinha pouca, meu pirão primeiro, diz o ditado. Mas é uma das piores facetas. Talvez por isso não exista o dia do presidente da Celesc. Ou um dia para cada diretor. Porque, no fundo, todos sabem que eles são efêmeros e sem importância. Na verdade, o indivíduo que ocupa um cargo deste só tem relevância no comparativo com outros que por ali já passaram. É assim que se ouve que tal presidente foi o melhor. Ou, no caso do atual, que é um dos piores.

Enquanto a maioria dos trabalhadores da Celesc, eletricitários de todos os cantos do estado fica contente com o reconhecimento anônimo do coletivo, estes que tem trabalhado contra a empresa pública, o Estado de Santa Catarina e, principalmente, contra os celesquianos, serão sempre lembrados com uma denominação individual: traidor.

O dia do eletricitário é, hoje, um dia de luta. É um dia de conscientização. É um dia para lembrar que a traição tem berços históricos e consequências fatais. Afinal de contas, o maior traidor da cultura ocidental, devastado por ter vendido um companheiro por trinta moedas de prata, enforcou-se. Ainda há tempo para que estes que hoje se afundam na deslealdade, retomarem o respeito com os companheiros e a retomarem a dignidade e o orgulho de serem celesquianos.

Enquanto a maioria dos trabalhadores da Celesc, eletricitários de todos os cantos do estado fica contente com o reconhecimento anônimo do coletivo, estes que tem trabalhado contra a empresa pública, o Estado de Santa Catarina e, principalmente, contra os celesquianos, serão sempre lembrados com uma denominação individual: traidor.

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