Golpe: o plano é sufocar as entidades sindicais

Ataque à sustentação financeira é mais um golpe contra trabalhadores

O golpe sempre foi contra os trabalhadores. Nada do que aconteceu no Brasil nos últimos anos tem a ver com ideologias políticas ou partidárias. É o dinheiro que move a destruição de direitos trabalhistas e sociais neste novo Brasil. Desde o golpe de 2016, passando pela destruição da Consolidação das Leis do Trabalho e o fim da Previdência Social, o objetivo é dar espaço para que o dinheiro produza mais dinheiro para quem já tem muito dinheiro.

Avançando cada vez mais no golpe, a única instância de proteção dos trabalhadores agora é alvo da asfixia que a caneta do presidente pode promover. Através de Medidas Provisórias e Decretos, Bolsonaro e sua gangue atacam os sindicatos, impondo barreiras para a manutenção financeira das entidades sindicais. Tentando impedir o desconto das filiações sindicais em folha de pagamento, Bolsonaro não só deixa clara a intenção de acabar com a salvaguarda dos trabalhadores, mas também se apoia em medidas absolutamente inconstitucionais para dar cabo de seu plano.

Várias entidades já manifestaram que as medidas não encontram amparo legal, mas mesmo assim elas são mantidas e têm seus defensores. Assim como todo golpe, ele é pensado pelas elites, mas tem apoio entre os golpeados. O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre seus próprios oprimidos, diria Simone de Beauvoir.

No caso do ataque aos sindicatos, os cúmplices de Bolsonaro têm sido os administradores de empresas, que apoiam a medida inconstitucional, inclusive descumprindo Acordos Coletivos de Trabalho que preveem o desconto em folha. Se o próprio ACT, que depois da reforma trabalhista teria “protagonismo maior do que a legislação” está sendo ignorado, é porque o golpe nunca se preocupou em seguir leis ou regras.

O fato de maior pesar é que muitos dos cúmplices são, inclusive, empregados, que não percebem seu papel neste golpe. Alienados pelo poder ou pela ambição, se apegam ao cargo, esquecendo-se que, para o dinheiro, também são dispensáveis. E que, a hora que não servirem mais ao “deus mercado”, é à entidade sindical a qual ajudam a sufocar que buscarão apoio.

Estrangular as entidades sindicais, impedindo sua sustentação financeira e impondo dificuldades à representação e defesa dos trabalhadores é a última cartada da informalidade pretendida. Não é à toa que o presidente tem dito que este deve ser o caminho das relações trabalhistas no Brasil. Cabe aos próprios trabalhadores a defesa do sindicato. Mais do que uma entidade, o sindicato é a união de todos os trabalhadores.

Estrangular as entidades sindicais, impedindo sua sustentação financeira e impondo dificuldades à representação e defesa dos trabalhadores é a última cartada da informalidade pretendida. Não é à toa que o presidente tem dito que este deve ser o caminho das relações trabalhistas no Brasil.

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