Eletrobras focada em programas alinhados com a privatização

Acordo Coletivo e reivindicações dos trabalhadores não são a prioridade da empresa

A entrega da Pauta de Reinvindicações relativas ao ACT 2020/2022 ocorreu em reunião do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) com a Eletrobras dia 13/02/2020 no Rio de Janeiro onde a Intersul esteve como de costume, representada. Nada do que foi discutido na reunião aponta para um quadro positivo nas negociações deste ACT.

Sequer a data do início das negociações foi confirmada pela Eletrobras, alegando que o carnaval no final de fevereiro impede a realização da primeira rodada solicitada pelo CNE para dia 5 de março. O indicativo da empresa para a primeira rodada ficou para a semana seguinte, de 10 a 12 de março. No dia anterior a 1ª Rodada, também se pretende que seja realizada nova reunião de trabalho da Comissão da PLR 2020.

Outros temas debatidos na reunião também não são favoráveis aos trabalhadores. Ao contrário, a apresentação da Eletrobras sobre o chamado Orçamento Base Zero (OBZ), a ser estendido para todas as empresas do sistema, aponta para restrições severas de custos que passam ser o foco das decisões, em detrimento dos investimentos e indica um total alinhamento da gestão da Empresa com o processo de privatização e perda do protagonismo do setor elétrico pela Eletrobras.

Outra apresentação realizada foi sobre o resultado da Consultoria contratada para fazer o dimensionamento do quadro de pessoal para os próximos cinco anos. O objetivo é atingir a melhor referência de mercado (benchmarking) para “quadro de pessoal das empresas do setor elétrico”, ou seja, drástica redução de trabalhadores. Sobre o processo de desligamentos sem justa causa em curso na Eletronorte e Eletrobras Holding, apesar dos protestos e argumentos do CNE de que os critérios praticados são injustos e extremamente subjetivos, a Diretoria se posicionou afirmando que “não pretende voltar atrás do que já foi definido sobre os desligamentos dos trabalhadores”.

Por último sobre o pedido de antecipação de parcela do 13º Salário de 2020, os gestores informaram que a reunião do CIASE que debateria o assunto não foi realizada e a resposta ao CNE seria dada em outro momento, até então a empresa não confirmou o adiantamento mas diz que a decisão vai depender do fluxo de caixa das empresas. 

Encerrada a reunião, na tarde do mesmo dia 13 se reuniu a Comissão Paritária para discussão do Termo de Pactuação da PLR 2020 no qual a gestão da Eletrobras resolveu agora inovar, com propostas que complicam muito mais a negociação. Uma delas é a redução ou bonificação sobre o valor de PLR com base na avaliação individual dos trabalhadores, pelo resultado do SGD.

Outro complicador é a proposta de alteração da forma de distribuição, elevando a parcela proporcional ao salário para 70% e reduzindo a linearidade para 30%. O CNE prontamente rebateu as propostas argumentando a fragilidade e falta de confiabilidade do SGD. Quanto à forma de distribuição da PLR, a proposta da Eletrobras vem absolutamente na contramão do desejo dos trabalhadores, que tem sido, nos últimos anos, aumentar a parcela linear e não reduzi-la em hipótese alguma.

Restou claro para o CNE que a gestão da Eletrobras vai continuar, no ano de 2020, tentando tornar a empresa mais atrativa ao mercado, mesmo que para isto tenha que cada vez mais explorar os trabalhadores. Em resumo, para os eletricitários resta a luta, pois a única saída é unir forças!

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