Dúvidas e medo no retorno ao trabalho presencial na Celesc

Fim do sistema híbrido de trabalho é cercado de perguntas sem respostas

Os sindicatos da Intercel receberam nas últimas semanas manifestações de trabalhadores da Celesc com preocupações e questionamentos sobre o fim dos sistema híbrido de trabalho e o retorno às atividades presenciais, fato que ocorreu na segunda-feira, dia 03 de janeiro. O sistema híbrido consistia em dias de teletrabalho e dias de trabalho presencial, sempre sob supervisão das gerências. As preocupações são principalmente no sentido da falta de regras e procedimentos claros no retorno do sistema híbrido, que vinha funcionando na empresa já há mais de um ano. Um grande número de queixas e manifestações veio da Administração Central, prédio que concentra quase mil trabalhadores da Celesc no bairro do Itacorubi, em Florianópolis, mas manifestações de Regionais e lojas de
atendimento também chegaram ao conhecimento dos sindicatos.

Na Administração Central, as dúvidas são no sentido de que atitude tomar quando um colega de trabalho da mesma ilha se recusa a utilizar a máscara de proteção – ainda que a empresa diga em comunicados oficiais que a utilização do equipamento de segurança é obrigatório dentro das suas dependências, não há fiscalização alguma. Outro questionamento também trazido por celesquianos foi no caso de um colega de trabalho apresentar sintomas da
Covid-19 num ambiente fechado com mais colegas, qual a atitude correta a tomar, qual o procedimento padrão em um caso assim.

Fora da Administração Central chegaram pedidos para que os sindicatos cobrem da diretoria da Celesc a testagem de todos os trabalhadores e não apenas aqueles e aquelas lotados na Central ou nas sedes de Regionais: “nós lidamos com frequência com clientes que vieram de outros países, com clientes que saem para festas, que não se cuidam, que não se protegem e muitos, até, que sequer tomaram a vacina”, afirma uma trabalhadora de loja de atendimento em mensagem ao seu sindicato, pedindo que seja disponibilizada a testagem para todos os empregados.

No dia 28 de dezembro o Sinergia – Sindicato que representa trabalhadoras e trabalhadores da região da Grande Florianópolis – chegou a enviar uma correspondência à direção da Celesc pedindo o adiamento do retorno ao trabalho 100% presencial até que seja estabelecida a política de home office da empresa. Alternativamente, o sindicato pediu que a diretoria considerasse pelo menos o adiamento do retorno por quinze dias, tendo em vista que muitos trabalhadores participaram de festas (inclusive promovidas pela própria empresa ou gerências) e reuniões familiares de fim de ano e estiveram mais suscetíveis ao risco de contaminação pela Covid-19, sobretudo, pela variante Ômicron. Além disso, houve a divulgação nos meios de comunicação do surto de influenza no estado. A Celesc não atendeu à solicitação do sindicato.

Na segunda-feira, dia 03, dirigentes do Sinergia percorreram as salas da Administração Central e novamente muitos empregados se queixaram de ter de trabalhar com colegas (inclusive chefes) que não utilizam a máscara de proteção na sala de trabalho, mas também nos corredores e espaços comuns da empresa. Houve, ainda, a reclamação de aglomeração e filas para o almoço no restaurante dentro da empresa. A orientação dos sindicatos em casos assim tem sido que, em caso do empregado se sentir em risco, registrar o fato por e-mail à gerência, ao técnico de segurança do trabalho, à CIPA e, ainda, cópia ao seu sindicato. Não havendo acesso ao e-mail, registrar via whats app, para ter a documentação do fato. Em último caso, não havendo solução, registrar pelo canal oficial da empresa, qual seja, o
Comitê de Ética.

Na última semana, dirigentes do Sinergia também solicitaram ao diretor da Celesc Pablo Cupani uma reunião para tratar do caso. A reunião está agendada para hoje, dia 06, e tem como objetivo levar para a diretoria da Celesc todos os relatos e fatos presenciados pelo sindicato nos últimos dias, bem como esclarecer as dúvidas e questionamentos trazidas por trabalhadores. Na próxima edição do Linha Viva informaremos quais foram os encaminhamentos da reunião.

Cabe lembrar, por fim, que a pandemia não acabou, que novos casos continuam a ser confirmados todos os dias em nosso estado e que novas variantes ainda estão em estudo pela comunidade científica. Somente na Administração Central da Celesc, na segunda-feira, dia 03, até às 14h, mais de uma dúzia de trabalhadores receberam o resultado positivo para a Covid-19 durante os testes – muitos deles, sem sintomas. O Sinergia recebeu denúncia de que a empresa não teria feito a sanitização adequada dos espaços de trabalho onde foram confirmados os casos de Covid-19 na Administração Central. Sem falar que, provavelmente, quem contraiu o vírus durante o réveillon pode ter tido resultado falso negativo durante as testagens de segunda e terça-feira, dias 03 de 04 de janeiro.

Lamentável, ainda, que trabalhadores terceirizados que prestam serviços na Administração Central tenham sido impedidos de testar – conforme relatos que chegaram ao Sinergia -, muito embora trabalhem no mesmo local que os celesquianos, utilizando o mesmo restaurante e áreas comuns. E nas Regionais e lojas de atendimento de outros municípios, quantos empregados estão positivados sem apresentar sintomas e sem saber que estão com Covid-19?

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