Censura na Celesc

Como a Diretoria da Celesc cerceia direitos, persegue representações e investe em propaganda para enganar os trabalhadores

Nos últimos dias, os trabalhadores da Celesc presenciaram um ataque direto do Presidente da Celesc a uma representação eleita pelos Celesquianos. O corte ao acesso do Representante dos Empregados no Conselho de Administração, Leandro Nunes, aos e-mails dos trabalhadores é, no entanto, a declaração de uma guerra que vem sendo conduzida pelo Presidente da empresa, Cleicio Poleto Martins e pela Diretora de Gestão, Claudine Anchite, desde que chegaram à Celesc. A repercussão da censura gerou uma rápida reação do Presidente, que se apressou em reestabelecer o acesso aos e-mails, classificando o caso como um mal-entendido.

Na verdade, o que houve foi mais um ataque covarde que recebeu forte crítica não só dos trabalhadores e dos sindicatos, mas dos próprios parlamentares catarinenses. O ataque ao Conselheiro é o primeiro passo de um planejamento para enfraquecer as entidades sindicais, dividir a categoria, destruir os direitos do Acordo Coletivo e facilitar a privatização da Celesc. Vindo da iniciativa privada, o presidente Cleicio se acostumou com as práticas da Engie, onde os sindicatos são proibidos de entrar na empresa para informar os trabalhadores. É esta visão deturpada que, com a ajuda da Diretora de Gestão, está sendo encaminhada.

Nos corredores da Celesc trabalhadores denunciam aos dirigentes sindicais os estudos para contratação de sistema eletrônico para acesso à empresa, utilizando tecnologia para justificar a proibição de acesso dos dirigentes sindicais na empresa. Com um objetivo claro de atacar todas as representações dos celesquianos, a Diretoria também investe em desinformação na campanha da Celos. A real intenção é a retirada de direitos dos trabalhadores.

Não é por acaso que, a cada fala do presidente o passivo do plano de saúde é levantado como uma ameaça à concessão. Ignorando todos os esforços que a categoria já fez para manter a concessão e a Celesc Pública, o presidente faz campanha para confundir os trabalhadores e deixar livre o caminho para destruir os direitos dos celesquianos e seus familiares. Nesse processo, existem dois celesquianos ajudando. Os diretores Pablo Cuppani e Fábio Valentim, empregados de carreira da Celesc, parecem ter esquecido que há pouco tempo também dependiam do ACT e da Celos, e hoje auxiliam os ataques aos direitos da categoria.

O fato é que a figura do presidente é uma ilusão. Atrás de uma propaganda ostensiva que busca criar a imagem de um presidente interessado, motivado e dinâmico, há um planejamento para enfraquecer as entidades sindicais, dividir a categoria, destruir os direitos do Acordo Coletivo e facilitar a privatização da Celesc. Aliás, a autopromoção do presidente nas comunicações oficiais da empresa já demonstra o nível de apropriação da administração pública para benefício próprio. A propaganda é tamanha que a comunicação da Celesc no informativo Conexão cita elogios nunca dados pelos sindicatos ao presidente. Além disso, a autopromoção tem como principal propaganda uma dita preocupação com a segurança dos trabalhadores que não passa de marketing.

Enquanto afirma compromisso com as políticas de segurança, na prática a Celesc descumpre o acordo firmado com o Ministério Público decorrente de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Recentemente, a empresa decidiu dar chance a um chefe que liberou ao trabalho uma empresa embargada pelo Técnico de Segurança, o que levou a um grave acidente. Não tem a mesma sorte uma série de trabalhadores que veem inquéritos administrativos serem abertos aos montes na empresa. Ou seja, seguindo a lógica do patrão, às chefias é concedido o perdão, mas aos trabalhadores é a política do pé na bunda.

Isso só caracteriza uma coisa: a única segurança que importa é a do emprego dos amigos do presidente. É diante deste cenário que as negociações do Acordo Coletivo de Trabalho irão começar no dia 29. Tardiamente, diga-se de passagem, por uma tática da Diretora de Gestão que recusou-se a negociar o ACT nesta quinta-feira, como proposto pelos sindicatos. Afirmando que era preciso conversar com o Diretor de Planejamento, a diretora antecipa o projeto privatista: indicado pela EDP, o diretor visa reduzir direitos para facilitar a compra da estatal catarinense pelos seus patrões.

Claramente, a intenção da diretoria tem sido a de embarrigar a negociação, jogando a data-base para um dissídio coletivo que é amplamente desfavorável aos trabalhadores. Com arrogância e desdém, a Diretora assume a postura de atacar os sindicatos majoritários. Em uma discussão acalorada nos corredores da central, a diretora demonstrou ignorância ao dizer que eletricitários são só os eletricistas. Na melhor das hipóteses – que é a da ignorância – é preocupante que a diretora responsável pelo ACT dos Eletricitários não tenha a capacidade de saber que todos os trabalhadores de empresas de distribuição, geração e transmissão de energia fazem parte da categoria.

Obviamente, a diretoria sabe a verdade e essa farsa construída é mais uma tentativa de ataque à representação dos trabalhadores. A estratégia da diretoria é clara: enfraquecer os sindicatos, desmobilizar os trabalhadores, retirar direitos e privatizar a Celesc.

Entretanto, os sindicatos da Intercel não aceitarão estes ataques. Os dirigentes sindicais têm percorrido os locais de trabalho, mobilizando a categoria para o embate e para a defesa do Acordo Coletivo e da manutenção da Celesc Pública. Não existe propaganda que possa enganar os celesquianos e a categoria não deixará nenhum presidente, diretor ou conselheiro ameaçar a maior estatal catarinense e seus trabalhadores.

Os celesquianos já estão mobilzados para defender a Celesc Pública e seus direitos. Unidos e prontos para a luta, os trabalhadores não serão enganados pela propaganda de uma diretoria antidemocrática, antissindical e privatista!

Atrás de uma propaganda ostensiva que busca criar a imagem de um presidente interessado, motivado e dinâmico, há um planejamento para enfraquecer as entidades sindicais, dividir a categoria, destruir os direitos do Acordo Coletivo e facilitar a privatização da Celesc.

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