Celesc: lobo e cordeiros

Conflito de interesses X perda da concessão

Ao contrário do que afirmara institucionalmente, em 2019, através de aviso público ao mercado, de que não tinha interesse em assumir o controle da Celesc em médio prazo (o que ninguém nunca acreditou), no decorrer de 2021 a EDP, através das manifestações do seu CEO, João Marquez da Cruz, agora “muda” a posição e, de forma agressiva, lança-se em campanha pela privatização da Celesc, tentando difundir a falsa ideia do compromisso de um “investimento muito expressivo” e “menor tarifa”.

Cabe ao povo catarinense decidir ou não sobre a privatização da Celesc, tal como prevê a Constituição Estadual e não ao dito senhor, CEO da EDP, controlada por Estatal Chinesa. Ademais, como acontece em São Paulo e Espirito Santo, onde a EDP se “serve” do Estado, haja vista a precariedade dos serviços que presta em comparação com a Celesc, conforme reconhecido pela própria ANEEL na classificação das distribuidoras pela avaliação do cliente, se tem, ainda, a falácia dos investimentos.

Em 2017, por ocasião da obtenção de recursos do BID para incremento e investimentos do sistema elétrico catarinense, os conselheiros da EDP se manifestaram contrários e, recentemente, da mesma forma, foram contra o descontigenciamento do orçamento para novos investimentos. Aqui, cabe ressaltar: em razão desses recursos do BID, que superam mais de R$ 1 bilhão, nunca se investiu tanto no setor elétrico de Santa Catarina.

A tese é: quanto pior, melhor. Sairá mais “barato” adquirir uma empresa que não investe e, via de consequência, não mantém os padrões de qualidade do fornecimento, podendo, inclusive, o Estado perder a concessão e ser obrigado a transferir o controle. Ainda num rápido comparativo sobre as tarifas de energia, a CELESC tem hoje a segunda menor do Brasil, já a EDP SP é a 10º do ranking, enquanto a EDP Espírito Santo é a 14ª.

Como a EDP, hoje, faz parte da administração da CELESC, através da nomeação de Diretor por ela indicado e, ainda, a participação de quatro conselheiros na gestão da companhia, resta evidente que o conflito de interesses em matérias que digam respeito à sustentabilidade econômica e técnica da empresa existe, já que, como dito, quanto pior o resultado, mais barato o preço e melhores as condições de compra do controle acionário.

Assim, entre o lobo e os cordeiros, só há Santa Catarina para nos salvar, não da privatização, mas da destruição do patrimônio público, com enredos distorcidos e inverídicos e propagação de que a EDP, em nome dos consumidores, é a tábua de salvação. Com a palavra, o Estado de SC, o parlamento, seus representantes e demais acionistas da CELESC

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