A responsabilidade é do presidente

Após rodada repleta de ataques aos trabalhadores, sindicatos têm reunião com presidente para destravar negociação do ACT

Durante todas as rodadas de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho dos empregados da Celesc, alguém da Diretoria da empresa surgia com a frase: “a proposta vai ser boa. Vocês vão gostar”. O conceito de bom ou ruim é bastante relativo, mas é consenso que “bom” é algo que, no mínimo, é igual ao que já está posto ou ainda melhor. A ironia da Diretoria ditou as seis rodadas de negociação do ACT 2022/23. O que a Diretoria dizia que seria “bom” e que a categoria iria “gostar” é a pior proposta de Acordo dos últimos anos. É a proposta que mais retira direitos, desrespeita as reivindicações dos trabalhadores e, ironicamente, acontece no momento em que a empresa tem recorde de lucro, mas alega não ter como pagar o que os empregados pedem, sob pena de “comprometer a sustentabilidade financeira da empresa”.

A sexta rodada de negociação novamente começou com desrespeito aos celesquianos. Havia ficado acertado que, antes de debater o ACT, a negociação da PLR seria retomada. Entretanto, a Diretoria, novamente, chegou com uma proposta pronta e sem autonomia para negociar, apresentando a mudança do indicador de reajuste da parcela base para o INPC e mais nenhum avanço nas reivindicações da parcela do lucro e na linearidade.

A falta de autonomia e disposição em negociar fez com que os sindicatos cobrassem a responsabilidade do Presidente da Celesc, Cleicio Poleto Martins, de aparecer em mesa para destravar o processo negocial. O impasse diante da negativa do Presidente em negociar com os sindicatos travou, novamente, a negociação no período da manhã. Enquanto a Diretoria aguardava um retorno, uma cena patética acontecia, com a dita comissão de negociação sentada à mesa, imóvel e muda, em clima de velório até o final da manhã.

No período da tarde, a Diretoria propôs iniciar o debate das cláusulas do ACT, afirmando ser necessário apresentar números de investimentos e impactos financeiros para os próximos anos, mudando o discurso dizendo que poderia “haver um descontentamento” por parte dos trabalhadores com as informações que eles trariam na sequência. Para isso, indicaram que o Presidente aceitaria receber os sindicatos na quarta-feira. Considerando que as assembleias de apreciação da contraproposta da empresa para o ACT serão avaliadas e deliberadas na quarta-feira, a Intercel cobrou antecipar a reunião para terça-feira, dando possibilidade para uma negociação efetiva, conseguindo uma reunião que deve ocorrer hoje, às 13 horas.

O início do debate das cláusulas do ACT aprofundou o sentimento de descaso com as reivindicações da categoria e o desrespeito com os trabalhadores. As apresentações que a Diretoria afirmava serem fundamentais, foram, na verdade, uma tentativa patética de convencer os trabalhadores de que eles são os problemas da Celesc e que suas reivindicações vão quebrar a empresa. Após as apresentações, o festival do “não” tomou conta da negociação.

Uma a uma, as reivindicações da categoria para as cláusulas econômicas foram negadas, com a Diretoria apresentando um pacote financeiro rebaixado, trazendo, ainda, o congelamento de direitos. Além de não atender às expectativas da categoria com relação às cláusulas econômicas, a Diretoria não atendeu à nenhuma das reivindicações que vinham gerando mais expectativa na categoria: home office, anuênio, gratificação de 25 anos e gratificação de férias foram negadas, sempre com a fala “a proposta da empresa está posta”.

Por fim, a Diretoria retomou o ataque à representação dos trabalhadores, afirmando que reduziria o número de dirigentes sindicais liberados, cumprindo uma orientação do Tribunal de Contas do Estado. Acontece que, novamente, é mentira.

Em um teatro mal ensaiado, foi chamada à mesa uma advogada da empresa para afirmar que não havia o que fazer: o TCE havia determinado para a Diretoria a redução dos liberados. Na verdade, o Tribunal foi provocado e questionou a Celesc sobre quantidade e critérios para determinar o número de dirigentes sindicais liberados. A resposta da empresa no processo, que é público, induz o TCE ao erro e demonstra o desrespeito com a organização dos trabalhadores.

Assinada pelo Presidente e pelo Assessor de relações sindicais, a manifestação da Celesc diz que a Diretoria sempre buscou reduzir o número de liberações. Diz, também, que a estrutura da Celesc foi reduzida na reestruturação de 2019, o que não é verdade. A alteração de Agências para núcleos e unidades não trouxe efetiva mudança na estrutura e, na prática, hoje as regionais tem mais trabalhadores e chefias. Essa manifestação é base para a orientação do TCE, que NÃO É OBRIGATÓRIA.

O Tribunal orienta a empresa a manter dirigentes sindicais liberados em consonância com a estrutura, o que, para a Intercel, é atender à reivindicação dos trabalhadores, recompondo as liberações retiradas em 2019.

Diante do resultado da negociação e na iminência das assembleias do ACT, a reunião agendada para hoje tem ainda mais importância. É responsabilidade do Presidente da Celesc corrigir os erros apresentados pela Diretoria, retirar os ataques aos trabalhadores e suas representações e avançar nas reivindicações da pauta dos celesquianos. Os trabalhadores devem se manter unidos e mobilizados, em busca de um ACT justo para todos.

É responsabilidade do Presidente da Celesc corrigir os erros apresentados pela Diretoria, retirar os ataques aos trabalhadores e suas representações e avançar nas reivindicações da pauta dos celesquianos.

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