“A conta vai baixar” é a última de Pinto Jr.

Pinto Júnior, o presidente da Eletrobras contou na semana passada que a privatização da empresa vai fazer a conta de luz baixar. Não explicou como vai ser isto. Mas o que se sabe, é que  nos últimos cinco anos a tarifa aumentou mais de 90% (O Globo , 21/05/19, dados da própria Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a mesma agência que calculou que a tarifa média nominal de energia elétrica sofreu um aumento de 230% nos últimos 18 anos, frente a uma elevação de 189% do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que representa a inflação oficial medida pelo governo, no mesmo período, ou seja 41%. O que ninguém se dá conta é que desde a década de 90 o setor elétrico vem sofrendo com as privatizações.

Hoje a Eletrobras tem apenas 31% da geração de energia do país (mesmo assim detém 52% da água armazenada nos reservatórios do pais) e 64% do total de linhas de transmissão (70 mil quilômetros). O pior aconteceu com o setor de distribuição que hoje é 80% privado. O que diria o consumidor brasileiro ao saber que a energia vendida hoje pelas estatais custa R$ 60 megawatts/hora e que é vendida pelas privadas no mercado livre a R$ 200 ou R$ 300 o megawatt/hora.

Com base em tudo isto dá para dizer que com a privatização da Eletrobras, as tarifas vão explodir. “Ao menos 20% de saída” diz  ex-diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu que alerta ainda para a “insegurança hídrica e insegurança energética” decorrente de deixar nas mãos do mercado 52% dos nosso recursos hídricos. Um exemplo para ilustrar, dos muitos existentes pelo Brasil afora sobre este descalabro, aceito ainda passivamente pela sociedade brasileira, é o caso da Companhia Energética de Pernambuco – CELPE.

Segundo ação recentemente ajuizada contra estes aumentos abusivos na tarifa elétrica, desde sua privatização no ano 2000, há 17 anos, a tarifa teve um reajuste de 195,46%, para uma inflação correspondente neste período de 115,21%. Ou seja, as tarifas aumentaram 80,25% acima da inflação. O exemplo da CELPE não é muito diferente do que ocorre com outras distribuidoras que foram privatizadas.

Em Roraima, o aumento foi de 38%, em Rondônia 25%, no Acre 21%, no Amazonas 14,9% e o Piauí 12%. Além desses estados, Goiás vem sofrendo com reajustes nos últimos dois anos, após a Enel Goiás ser privatizada. O valor da tarifa subiu 40% e a população tem ficado sem energia elétrica, em média, 26 horas por ano contra 13 horas de limite que a Aneel considera um serviço ‘satisfatório’ para aquele estado.

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