Tribuna Livre: Censura, insaciável, inadmissível

Por Moacir Antonio Haboski, Jornalista (5510SC), trabalhador da Celesc e dirigente do STIEEL

A Constituição Federal de 1988 instituiu o dia 3 de agosto como o dia para comemorar-se o fim oficial da censura no Brasil, advinda da ditadura militar de 1964. Passados 24 anos, tempo suficiente para que fossem aprimorados métodos e mecanismos que pudessem ampliar essa garantia de liberdade natural e constitucional, e o que vemos no meio social do país?

A cada dia um regresso perigoso. Tão perigoso, que até este texto torna-se “sensível” ao autor e ao veículo que o publicar. A censura sempre foi um artifício de controle eficiente, para lacaios incompetentes, estacionados no poder (em todo e qualquer espaço). Quando governantes o fazem (diga-se: com a anuência, cumplicidade dos órgãos fiscalizadores), todas as estruturas descendentes, sentem-se no direito de fato, de fazê-las.

A censura na contemporaneidade, na sua maioria é disfarçada, quase imperceptível e aplicada de diversas maneiras. Desde a forma escancarada de proibição de atos, eventos, controle de ações (individuais ou de grupos), passando pela perseguição dos atos dos indivíduos ou a eles próprios, ou às instituições ou ainda de grupos organizados socialmente de forma voluntária, até chegar na pior de todas: ignorar (“podar”) as pessoas, suas habilidades e ou seus feitos, amputando suas participações e ou seus trabalhos, menosprezando seus conhecimentos e esforços, etc.

Esses modelos de controle aplicados por governantes, casam bem com sociedades “modernas”, de indivíduos egocêntricos, que veem no outro uma ameaça real de serem superados na qualidade e capacidade. Logo, esses indivíduos tanto quanto os que “mandam” nas organizações, manipulam o sistema (para que este lhes seja sempre dominado, deixando coletivos sociais sem ações efetivas: excluídos mesmo estando inclusos), criando muralhas estruturais, pouco perceptíveis aos demais membros e que, quando descobertas, reações de contrariedade são praticamente intransponíveis. Ao analisarmos cuidadosamente, veremos que somos censurados/as várias vezes ao dia, nos mais diversos espaços de estada de convivência, tanto pessoal, profissional, social e ou institucional (ordenamento conjuntural de leis, regras, normas, etc).

Nesse contexto, urgem-nos lutas desafiadoras para furar tais bloqueios. E todas só terão efeitos práticos, se forem construídas a partir da detalhada análise de causa, objetivos tangíveis com determinação, foco de ações com perseverança e incondicionalmente: luta coletiva. Já dizia-se: andorinha sozinha não faz verão. Não, sozinha nem sobrevive. Só a luta conjunta constrói grandes feitos. Lutemos unidos e sempre!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.