Tribuna Livre: A Marcha Contra a Privatização!

Por Jeferson Reis, trabalhador da Celesc na Regional de Concórdia e dirigente do STIEEL

No dia 14 de dezembro de 2023, acompanhei um momento histórico nas mobilizações realizadas pela Intercel. Estávamos todos(as) lá, trabalhadores(as) de vários cantos da Celesc, aguardando o sinal das lideranças sindicais para ocupar o espaço legítimo da categoria, o saguão da Administração Central.

Era um dia muito bonito: até o clima resolveu ajudar, com calor típico de final de primavera e início de verão. Nós, trabalhadores(as), estávamos ansiosos(as). O desfecho da mobilização era crucial para nossa categoria. Muitos estavam acostumados com esse tipo de manifestação, mas alguns não escondiam sua apreensão. Embalados pelas canções que saíam do carro de som, logo seria dado o sinal para adentrarmos na rua que dá acesso ao prédio da Administração Central. Mais uma vez, estávamos prontos para escrever um novo capítulo no livro das lutas pelos direitos em defesa da Celesc Pública.

Às 08:10h, iniciou-se a marcha rumo ao hall de entrada da AC. O primeiro obstáculo era a guarita de acesso. Como somos empregados, jamais seríamos barrados no portão de entrada, principalmente em atos pacíficos e manifestações justas, assegurados pela Constituição Federal, também conhecida como Constituição Cidadã, que permite o direito de greve e a livre manifestação pacífica de todo cidadão brasileiro.

Ao percorrer os primeiros 15 metros da estrada de acesso, olhei para trás e vi uma grande marcha de trabalhadores(as) celesquianos(as), mobilizados(as) e conscientes de seu papel na luta pela defesa da Celesc Pública. Lembrei-me da marcha dos trabalhadores em Brasília contra a reforma trabalhista em 2017.

Seis anos depois, os trabalhadores e as trabalhadoras que lá estavam acertaram em cheio em suas preocupações. Desde então, tivemos um grande retrocesso, mas, aos poucos e através de muita luta, reconquistaremos cada direito suprimido.

Após essa viagem no tempo, retomei à caminhada e vi muitos jovens em nossa marcha, a grande maioria. São trabalhadores(as) que ingressaram na Celesc há pouco tempo, mas têm consciência sindical. Essa imagem me encheu de esperança, mostrando que o trabalho realizado pela Intercel gera frutos e resultados. O reconhecimento dos mais jovens e esse resgate de consciência e luta, indicam que estamos no caminho certo. Todos nós estaremos sempre firmes e vigilantes contra qualquer plano inescrupuloso de privatização ou retirada de direitos.

A marcha foi um sucesso. Adentramos o prédio da AC, e foram feitas falas pelos líderes sindicais no mesmo horário da reunião do CA. Nessa reunião, a Diretoria encaminhou uma proposta de pauta para o orçamento de 2024 onde não previa a contratação de funcionários (concurso público), mas, pasmem, previa a contratação de empresas terceirizadas (precarização do atendimento) e aumento dos dividendos aos acionistas (investem pouco e querem muito). Mais uma vez, uma nova tentativa de sucatear a empresa, talvez levá-la à insolvência financeira, já que parte dos recursos captados no mercado (empréstimos) poderá ser usado para pagar dividendos aos acionistas.

O que muito me orgulha como celesquiano e sindicalista é que fizemos muito barulho. Tenho certeza de que os conselheiros dos acionistas sentiram nossa pressão. A proposta foi retirada da pauta e adiada. Nossa voz foi ouvida e teve ecos por todas as partes. Nossos gritos de protesto saíram do prédio da AC e foram ouvidos até na Alesc, chegando até o palácio do governador.

Essa foi apenas mais uma marcha, muitas virão. Essa foi apenas mais uma manifestação, muitas ainda virão. Quero participar ativamente de todas que puder, junto com os(as) colegas que lá estavam e outros(as) que se juntarão no decorrer do tempo. Afinal, quem cala consente, e jamais vamos nos calar, jamais deixaremos de lutar! Sou eletricitário! Sou Intercel!

PS. Mais tarde vim a saber que a proposta foi a votação em reunião extraordinária do Conselho de Administração, e foi aprovada, com apenas um voto contrário do nosso conselheiro – Paulo Horn.

Essa aprovação não tira o brilho da nossa mobilização, como disse o poeta contemporâneo, Chorão (Dias de luta, dias de glória). Feliz 2024 a todos(as)!

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