Plenária do MAB apresenta riscos com barragens em Santa Catarina

Movimento dos Atingidos por Barragens apresenta dados alarmante sobre problemas estruturais em barragens no Estado

Mais de 40 – 44, para ser mais exatos – das 177 barragens em Santa Catarina estão com problemas estruturais ou em grau de risco. Além disso existem outras 288 que estão em fase de construção, licenciamento ou em estudo. Tudo isto sem que a sociedade catarinense tenha informações sobre o verdadeiro impacto (social, econômico e ambiental) destas estruturas e sem plano de prevenção para evitar tragédias como a de Mariana e Brumadinho.

A conclusão é óbvia: na guerra da informação as empresas donas destas barragens estão ganhando. Sábado passado, 23 de fevereiro, o canal de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) da empresa Heidrich Geração Elétrica, no interior de Taió, rompeu inundando ao menos uma casa e uma propriedade rural. Por sorte, a família conseguiu sair a tempo do local. Além dos prejuízos sobre a casa, a plantação, os animais mortos e outros danos materiais que ainda precisam ser calculados, a família tem que enfrentar o trauma de sofrer uma repentina inundação que ameaçou sua vida.

O Plano Estadual de Recursos Hídricos de 2018 das 177 barragens, nove são compostas por rejeitos decorrentes da extração de carvão e as restantes de usinas hidrelétricas. Algumas delas utilizam a mesma técnica de represamento (a montante) da barragem de Brumadinho. Estes e outros dados alarmantes vieram à tona na plenária organizada pelo MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), ocorrida na noite de 25 de fevereiro, na Assembleia Legislativa de SC (Alesc).

Na plenária, o deputado Fabiano da Luz (PT), falou da sua iniciativa de criar uma Frente Parlamentar dos Direitos das Famílias Catarinenses atingidas por Barragens. A frente pretende levantar números oficiais e cobrar a elaboração de planos de prevenção para evitar outras tragédias como as da Vale. Ele acredita que através da frente serão reunidas informações das barragens junto a Defesa Civil, Bombeiros, Fatma, Ibama, prefeituras e outros órgãos para que se tenha a real dimensão do impacto destas estruturas.

Uma das coordenadoras do MAB, Júlia May Vendrami, afirmou que é preciso tratar da segurança das barragens e ao mesmo tempo defender os direitos das famílias atingidas. Para ela, a falta de números oficiais de quantas pessoas podem ser atingidas pelas barragens em território catarinense e de planos de prevenção colocam em risco uma grande parcela da população. “É um debate urgente, que precisa de atitudes e novas práticas. Não podemos mais ignorar esse tema.”

Para lembrar e alertar

Em Brumadinho, assim como em Mariana, Itabira, Congonhas, Belo Horizonte, Nova Lima, Barão de Cocais e várias outras cidades mineiras, o sentimento dominante é de terror. O som da sirene que alerta a população sobre o rompimento de uma barragem é a trilha sonora que assombra estas milhares de pessoas e dos órfãos das tragédias. Todos(as) temos o direito de morar com segurança. ÁGUAS PARA VIDA E NÃO PARA MORTE!

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