Pilar da prática antissindical na Celesc

Impedimentos à atividade sindical e punição aos celesquianos reforçam a identidade de uma diretoria que não respeita os trabalhadores

De tempos em tempos, Diretorias da Celesc buscam dificultar o trabalho sindical, em ações organizadas, que visam enfraquecer a categoria e sua resistência com o objetivo de retirar direitos dos celesquianos. O enredo não é novo e é conhecido como prática antissindical. Depois de erguer pilares de desrespeito com os celesquianos, a atual Diretoria da Celesc vem construindo os pilares da prática antissindical na empresa. Para esta gestão, a censura e o impedimento de acesso aos trabalhadores são ações tão naturais a ponto de serem divulgadas em comunicado a todos os empregados.

Nesta quinta-feira, dia 06, a Diretoria de Gestão Corporativa assinou e divulgou comunicado aos celesquianos com “Regras de Segurança na Administração Central e Agências Regionais”. O título pode até dar a entender que a Diretoria estaria preocupada com os trabalhadores diante do absurdo número de acidentes de trabalho na empresa, ou então de que aceitaria a reivindicação dos trabalhadores por segurança presencial nas lojas de atendimento, mas passa longe disso. A verdade é que o comunicado trata de um devaneio de uma Diretoria que não aceita a disposição de luta dos trabalhadores e, muito menos, críticas à sua fraca atuação.

Não é de hoje que vemos a Diretoria da Celesc reproduzir as mesmas táticas daquela indicada por Moisés. Parece até que uma ex-Diretora, famosa por sua violência contra os direitos e representações dos celesquianos, voltou, afinal, a atual Diretora é remanescente daqueles tempos tenebrosos. Talvez as sementes do mal que restaram da gestão Moisés agora contaminam o ambiente da Diretoria Colegiada, descarregando ódio contra trabalhadores e sindicatos, em medidas que buscam impedir a organização da categoria em defesa de seus direitos.

Em seis tópicos, a Diretoria ergue os pilares da prática antissindical, demonstrando que a mobilização dos trabalhadores, que expôs a incompetência da Diretoria e o desrespeito com sua pauta de reivindicações, realmente afetou os diretores. O comunicado é uma reação patética às mobilizações realizadas nos dias 01 e 22 de junho, quando os trabalhadores, organizados por sindicatos verdadeiramente combativos, conquistaram o início das negociações do Plano de Saúde e da PLR 2023, além de arruinarem a tentativa de alteração do estatuto social da Celesc que facilitaria a privatização da empresa. É exatamente por isso que a Diretoria agora busca impor dificuldades ao trabalho dos sindicatos. Não custa lembrar que vários Diretores da casa, no futuro, voltarão às suas funções normais como empregados e vão depender das lutas de hoje.

A Constituição Brasileira lista os pilares para o funcionamento pleno do Estado Democrático de Direito. Já em seu Artigo 8º, a Constituição prevê o direito dos trabalhadores à livre associação sindical, ou seja, o direito à representação na luta por melhores condições de trabalho. De acordo com o Ministério Público do Trabalho, “identificar atos antissindicais é de vital importância para a defesa da liberdade sindical, direito reconhecido e assegurado pela Constituição Federal de 1988 e pela ordem jurídica internacional em tratados, declarações e convenções”. Na Celesc, ficou evidente que as regras divulgadas não visam “ambiente de trabalho seguro, saudável e adequado a todos os empregados”, mas sim, unicamente, impedir a organização dos trabalhadores através de suas entidades representativas.

No comunicado, a Diretoria coloca como condicionante ao acesso aos trabalhadores pelos dirigentes sindicais uma autorização dada pela Assessoria de Relações Sindicais, que deveria ser solicitada com 72 horas de antecedência. Determina, ainda, que as entidades não podem informar os trabalhadores através do e-mail corporativo, nem ter acesso aos murais da empresa, sem aprovação prévia e, por fim, não permite a utilização de equipamentos “amplificadores de som”. A relação com os movimentos realizados na Administração Central é tão óbvia que torna ainda mais vergonhosa a ação da Diretoria.

No último dia 22, a Intercel organizou ato no prédio da Administração Central, durante reunião do Conselho de Administração, buscando o início das negociações de Plano de Saúde e PLR 2023, pautas ignoradas pela Diretoria. Também tinha como objetivo a defesa da Celesc Pública, contra a proposta que alterava o Estatuto Social da empresa, e possibilitaria reuniões virtuais de acordo com o desejo do Governo do Estado, abrindo, assim, as portas para a privatização. Esse ato foi convocado com poucos dias de antecedência e, mostrando disposição de luta, trabalhadores de todo o estado ocuparam a Central reivindicando respeito à categoria e seus anseios. No microfone, diversos dirigentes sindicais, trabalhadores e companheiros de outros movimentos sociais utilizaram a palavra, fazendo com que a voz dos trabalhadores fosse ouvida no Conselho de Administração e com que a Diretoria não pudesse mais ignorar os celesquianos.

Essas novas “regras” divulgadas não passam de mera tentativa da Diretoria de não passar vergonha frente a uma categoria organizada, que aponta sua inércia e força as negociações. Para isso, a Diretoria adota a prática antissindical. O próprio Ministério Público do Trabalho reconhece que as regras da Diretoria não passariam de um ataque à atuação dos sindicatos, uma vez que considera prática antissindical “dificultar, impedir, proibir ou criar embaraços ou dificuldades ao exercício do mandato sindical”.

Se no último Boletim a Intercel informou os celesquianos que a Diretoria da empresa mantém como prática de gestão a punição daqueles que lutam, agora somos obrigados a informar que a Diretoria deseja que os trabalhadores sofram em silêncio, sem acesso àqueles que foram eleitos para representá-los e defendê-los, buscando calar os dirigentes sindicais – atitude esta, que normalmente precede todas as privatizações de empresas públicas. É lamentável, ainda, que uma Diretoria repleta de empregados de carreira se sujeite a ser mera espectadora de práticas abusivas contra trabalhadores e censura aos sindicatos.

A Intercel, como representante dos trabalhadores e coletivo sindical combativo, repudia as ações da Diretoria, que a cada dia demonstra desrespeitar os trabalhadores e, de forma autoritária, dissimulada e vergonhosa, busca desestabilizar a luta dos celesquianos em defesa da empresa pública e de seus direitos. Os sindicatos continuarão a atuar firmemente na representação dos trabalhadores, derrubando cada um dos pilares do desrespeito com os celesquianos e da prática antissindical dentro da Celesc.

Foi apontado, ainda, que esta foi a primeira mobilização na história da Celesc em que a categoria pedia a abertura de negociações, que sequer haviam iniciado.

A proposta da empresa ainda tomou contornos surreais com a decisão da Diretora de enviar um trabalhador do DPAD para ‘passar uma semana’ na companhia de empregados de campo, para que este verifique a necessidade de uma alimentação maior.

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