O presidente sumiu: no 11° Congresso dos Empregados da Celesc, presidente não escuta manifestação dos trabalhadores
Fotos: André Kopsch e Thayene Bulzing
Mais de 200 celesquianos e celesquianas participaram do evento, que reuniu trabalhadores, diretoria e classe política catarinense
O 11° Congresso dos Empregados da Celesc reuniu, entre os dias 26 e 28 de maio, em Joinville, mais de 200 trabalhadores, a diretoria da empresa, além dos deputados estaduais Ana Paula da Silva, a Paulinha (PODEMOS), Fabiano da Luz (PT), Fernando Krelling (MDB), Volnei Weber (MDB), o deputado federal Pedro Uczai (PT), além do senador Jorginho Mello (PL), e o ex-deputado Mauro Mariani, representando o senador Dário Berger (PSB), que justificou ausência por conta de cirurgia realizada naquela semana. O ex-deputado Dirceu Dresch (PT) também participou do encontro. A solenidade de abertura foi bastante prestigiada.
Nas falas da classe política, foi registrado o orgulho pelos bons números apresentados pela empresa nos últimos anos, mas também houve a cobrança para que estes números e dados positivos cheguem de maneira mais eficaz até a Alesc, para que os deputados possam contrapor parlamentares que, com viés ideológico, criticam a empresa com objetivo de pautar a privatização: “o debate sobre privatizar ou não precisa ser racional e não com viés ideológico”, afirmou o deputado Fernando Krelling.
O presidente da companhia, Cleicio Martins, acompanhado da diretoria da Celesc, fez uma analogia com as empresas de telefonia, lembrando que, “se privatizar fosse a solução de todos os problemas, não teríamos problemas de falta de sinal de telefone em diversas regiões do estado”.
Na sequência, o economista Eduardo Moreira falou da importância das empresas visarem não apenas o lucro, mas também o lado social: “quem está preocupado em privatizar a Celesc ou o Banco do Brasil não quer saber de melhorar a vida do povo ou a qualidade dos serviços. Está interessado em aumentar os lucros”. Eduardo, com sua experiência como banqueiro e investidor, disse acreditar num novo modelo de sociedade. E enfatizou, tal qual como a classe política: “como investidor, já analisei a Celesc e não sabia que a empresa tem hoje uma das menores tarifas do Brasil. Vocês precisam divulgar isso”.
Fechando a noite de quinta, foi registrada uma homenagem ao ex-Conselheiro e dirigente do Sindinorte Jair Maurino Fonseca, pelos mais de 47 anos de trabalho em defesa da Celesc Pública. Na manhã de sexta-feira, o professor universitário Adelir Stolff trouxe dados, informações e um comparativo sobre gestão compartilhada em empresas públicas e privadas, através de um olhar acadêmico.
Uma das palestras mais aguardadas pela categoria viria na sequência: o presidente Cleicio Martins apresentaria a opinião da Alta Administração da Celesc sobre os objetivos do acionista majoritário no comando da Celesc.
Cleicio, apesar de participar na noite anterior da cerimônia e coquetel de abertura, justificou ter outra reunião e não apareceu para dialogar com os celesquianos, gerando grande frustração, demonstrada nas falas de trabalhadores de todo o estado ao microfone e, também, pelo Conselheiro Paulo Horn.
O Congresso dos Empregados da Celesc acontece uma vez a cada três anos. Não é possível que o presidente não tenha conhecimento da importância do encontro para celesquianas e celesquianos. Não é possível que ele não saiba que a categoria aguardava com tanta expectativa a sua fala nesse evento.
No lugar de Cleicio, o diretor de Geração, Pablo Cupani, apresentou dados e números da empresa. Nos questionamentos a Pablo, surgiu um item trazido na última edição do Linha Viva, em Notas Curtas: móveis precários, com cupim, sem condições de uso em Regionais e escritórios pequenos da empresa, enquanto na Central trocam móveis novos por móveis mais novos ainda. Foi levantada por trabalhadores também outra questão já tratada no Linha Viva: a falta de segurança nas lojas e o adoecimento de atendentes comerciais. Ambas as situações são pontuais na visão do diretor, que pareceu desconhecer que é uma realidade encontrada em diversos escritórios da empresa pelo estado.
A palestra seguinte foi conduzida por Paulo Horn, Conselheiro eleito pelos trabalhadores em janeiro deste ano. Horn apresentou um histórico das lutas dos espaços de representação na Celesc, como os sindicatos, a Representação no Conselho de Administração, a Diretoria Comercial e as eleições para os cargos na Celos.
Na parte da tarde, delegados e delegadas presentes no Congresso foram divididos em grupos de trabalho, onde discutiram orientações, ações e diretrizes que devem ser priorizadas e que devem balizar a atuação das representações (Sindicatos e Conselheiro Eleito).
Na manhã de sábado, aconteceu a plenária final, onde foram apresentados e votados todos os itens prioritários para atuação dos Sindicatos e do Conselheiro Eleito. Um dos itens votados, por exemplo, trata da não participação dos Sindicatos financiando e apoiando campanhas para a Diretoria Comercial na Celesc. Outro item aprovado foi a luta intransigente de Sindicatos e do Conselheiro Eleito em defesa da manutenção da Celesc Pública. Todos os itens votados e aprovados serão agora condensados num livreto orientativo, que será distribuído a toda a categoria.
De forma geral, pelas avaliações feitas ao final do Congresso, o saldo é bastante positivo. Os trabalhadores da Celesc gostam e querem a manutenção da gestão participativa na empresa. Uma diretoria que ouve os empregados e que estimula a gestão participativa terá o respeito da categoria.