Hora de pânico

Por Alberto Villas

Quem acompanhou o noticiário na televisão durante toda a segunda-feira (9), chegou ao fim do dia acreditando piamente que o mundo estava acabando. Mas, na verdade, quem estava na UTI e respirando por aparelhos, era o capitalismo. Repórteres, apresentadores, comentaristas, analistas, especialistas tentavam entender o que estava acontecendo com a Bolsa, com o dólar, com a economia do mundo inteiro.

Da janela da redação onde trabalho via, lá embaixo, alguns craqueiros sentados na calçada, outros dormindo, completamente alheios ao que se passava. A televisão estava voltada para um público especializado e em pânico. Qualquer analista diria que sou maluco em não me preocupar com o que estava acontecendo no mundo inteiro porque isso “mexe com o bolso de todos”.

Me pergunto se mexe mesmo com a vida dos 26 mil moradores de rua de São Paulo que geralmente perambulam pela cidade vestindo shorts, sem bolso. Posso estar parecendo um radical meio idiota. Como não se preocupar com o que está acontecendo? Concordo em parte. O que precisa ser discutido é a falência do capitalismo, a ode ao consumo, a ganância pelo dinheiro. Sei que quando a Bolsa se acomodar, a vida continua.

Os ricos vão continuar mais ricos e os pobres mais pobres. Mas estará tudo bem, alívio geral para os analistas. Enquanto falavam da crise no mercado mundial, no Municipal pessoas circulavam pelas bancas procurando um tomate mais barato, umas batatas em conta, uma dúzia de ovos pra fazer uma omelete já que a carne é fraca e anda muito cara. 

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