Eduardo Moreira é primeiro palestrante confirmado no Congresso de Empregados

Eleito um dos três melhores economistas pela revista Investidor Institucional, Eduardo Moreira fará palestra no primeiro dia do Congresso dos Empregados da Celesc

O economista Eduardo Moreira é um dos palestrantes confirmados para o 11° Congresso dos Empregados da Celesc, que acontece de 26 a 28 de maio, em Joinville. Eduardo é formado em engenharia, pela PUC do Rio de Janeiro, e economia, pela Universidade da Califórnia de San Diego (UCSD). Trabalhou no Banco Pactual até o ano de 2009, onde foi sócio responsável pela área de Tesouraria. Bastante ativo nas redes sociais, conquistou uma legião de fãs e seguidores por falar de economia e temas de relevância social de maneira simples e acessível a toda a população. Na palestra do dia 26 de maio, primeiro dia de Congresso, ele promete contar aos participantes quem ganha e quem perde com as privatizações no país. Confira abaixo a entrevista que ele concedeu ao Linha Viva na última semana:

LV: O que os trabalhadores da Celesc podem esperar de sua análise sobre a conjuntura e as privatizações?

Eduardo: Eu sou um generalista. Eu não sou um especialista no setor elétrico, no setor de óleo e gás, em questões tributárias, mas eu acabo tendo que estudar tudo isso porque, quando eu discuto modelos econômicos e diretrizes que são mais paradigmáticas, conjecturais de país, você acaba tendo que entender um pouquinho de como as coisas se conversam. É importante falar do papel do estado e explicar por que existem algumas atividades que são fundamentais que sejam exercidas por ele. Por que isso? Porque eu trabalho numa estatal e não quero perder meu emprego? Por que é que eu, que não tenho nenhum envolvimento quero tanto, por que eu sou tão contra as privatizações? Que que eu tenho de interesse por trás disso? É legal quebrar esses mitos, que sempre as pessoas acham que você é contra a privatização para não perder a mamata. Por isso eu vou falar um pouquinho de quem ganha e quem perde com essas privatizações, falar um pouco do que está acontecendo no mundo em relação a este processo de reestatização de várias empresas que foram privatizadas e por que deu tão errado no mundo, além de falar um pouco de conjuntura.

LV: Até que ponto podem chegar as privatizações se não houver uma mudança de paradigma na sociedade?

Eduardo: Do jeito que a gente está privatizando as coisas, daqui há poucas décadas você vai ter bombas atômicas nas mãos de pessoas, de empresas privadas. Hoje, as maiores plataformas de negócios do mundo são privadas. Então, se o Youtube, o Facebook e o Google quiserem, dessa semana para a próxima, quebrar um terço da economia mundial, eles quebram. O perigo de você ir privatizando é, até que ponto você vai deixar na mão das pessoas e não do coletivo decisões que impactam na vida do coletivo. Então, esse exemplo da bomba atômica é extremo, mas até que ponto podemos chegar? Pode uma pessoa ter uma bomba atômica?

LV: Qual é o papel de uma empresa pública?

Eduardo: Uma empresa que é estatal tem de cumprir uma função. Não adianta você ter uma empresa estatal que a única função é o lucro. Eu vejo o pessoal falar: “a Caixa Econômica Federal teve lucro recorde esse ano”. Não me disse nada. Lucro recorde como? Vendendo participações nos ativos que ela tinha? Vendendo as ações? Privatizando a sua divisão de seguros? Eu quero saber o seguinte: a gente tem uma população de 210 milhões de pessoas; dessas, dois terços ganham até 4 mil reais, no máximo, de renda familiar por mês; metade da população brasileira tem uma renda média de, mais ou menos 500 reais por mês. Eu quero saber o seguinte, essa população, que não tem acesso a crédito barato, que boa parte dela não é sequer bancarizada, quando ela consegue poupar um dinheirinho a Caixa está oferecendo crédito, está oportunizando ela a se bancarizar, está oferecendo educação financeira? Por que se ela estiver oferecendo isso de uma maneira exemplar, ela pode dar prejuízo que eu não me incomodo. Essa questão do quanto é lucrativo, ainda tem muita gente que pensa que, se dá prejuízo, tem que privatizar. Qual o sentido em ter uma empresa estatal que dá prejuízo? Não! Eu vou falar o contrário! Qual o sentido ter uma empresa estatal que o único objetivo é dar lucro? Então vamos privatizar uma empresa estatal? Não! Vamos dar sentido para ela!

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