Dobradinha entre 3G Radar e PWC na privatização da Eletrobras e as “manobras contábeis” na realização da operação

Sindicatos e associações questionam maracutaias da gestão predatória da empresa

O caso da fraude contábil operada na Americanas trouxe à tona questionamentos aos métodos de gestão aplicados nas empresas controladas pelo trio de bilionários Lemann, Telles e Sicupira. Até mesmo o grupo de empresários do Banco BTG, comandada pelo ex-presidiário André Esteves, se escandalizou diante do golpe aplicado pelos bilionários, que contou com a conivência da auditoria PWC e com a regulação frágil da CVM.

O caso da Americanas não é o 1º onde gestores ligados ao trio cometem fraudes bilionárias. Para os mais de 12 mil trabalhadores do grupo Eletrobras, que acompanharam de perto o processo de privatização da empresa, o envolvimento da 3G Radar e da PWC em uma maracutaia desse tipo não foi nenhuma surpresa. Trabalhadores, sindicatos e associações de trabalhadores e até mesmo ministros do TCU denunciaram a série de irregularidades, ilegalidades e “manobras contábeis” bem menos sofisticadas realizadas durante o processo de privatização.

Essas maracutaias configuraram golpes contra a União, contra empresas públicas (como a ENBPar), contra os acionistas minoritários, e também contra os trabalhadores da empresa e o povo brasileiro.

Se, no caso da Americanas, trabalhadores correm o risco de ficar sem seus empregos e sustento, e até mesmo sem verbas rescisórias e direitos trabalhistas, enquanto Lemann, Telles e Sicupira permanecem bilionários, no caso da Eletrobras, a população sofrerá com a perda de recursos que deveriam ir pra União e com o aumento das tarifas de energia elétrica para sustentar o crescimento da riqueza deles.

É prática comum nas gestões lideradas pela 3G Radar o sucateamento dos ativos em conjunto com a adoção de práticas contábeis questionáveis para alavancar o valor das ações, dos dividendos e da remuneração de seus dirigentes. Esse foi o caso na Americanas, que antes da divulgação do escândalo contábil, efetuou uma distribuição de dividendos pouco usual e, logo depois, vários dos seus dirigentes venderam as ações que detinham.

Na Eletrobras, além de promover o aumento de salários de diretores e conselheiros de forma escandalosa, a empresa já prepara mudanças na política de pagamento de dividendos e já divulgou a realização de um programa de recompra de ações. O sucateamento da empresa vem com o projeto de demissão de 4.100 trabalhadores em menos de 4 meses.

Em relação às Demonstrações Financeiras da empresa, muitas irregularidades foram cometidas lesando, principalmente, a União. Outras fraudes representam risco à empresa e aos consumidores. Destacamos as mais escandalosas manobras bilionárias realizadas na operação de privatização: 1. A realização de aporte e a incorporação da Usina de Santo Antônio; 2. A pedalada nos dividendos que surrupiou R$ 2,7 bi da Eletronuclear; 3. Subavaliação de Tucuruí; 4. Subavaliação do Valor dos ativos da Eletrobras.

Essas são algumas das irregularidades do processo de privatização da Eletrobras. Existem outras denúncias encaminhadas, envolvendo Itaipu, Angra 3, Belo Monte, a ilegalidade das garantias públicas para uma empresa privada, as contratações ilegais, empréstimos compulsórios, a gestão de fundos regionais e problemas de governança. Algumas dessas denúncias viraram processos judiciais, muitos deles ainda não foram julgados. De tão numerosos os erros, a Associação dos Empregados da Eletrobras (AEEL) e o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) tiveram que montar um dossiê, o Livro Branco das Ilegalidades, e erros crassos na precificação da Eletrobras, compilando todas essas informações.

Diante desse quadro, AEEL e CNE estão atuando junto ao novo governo e a AGU para que investiguem todas as irregularidades praticadas pelo governo anterior. Para começar, deveria investigar todas as reuniões realizadas entre os novos controladores da Eletrobras, como a 3G Radar e a XP, com ministros e secretários executivos durante o período em que o governo de Bolsonaro e o Congresso discutiam a forma da privatização.

A nomeação de pessoas que antes ocupavam cargos estratégicos no governo anterior como indicados dos fundos privados para o Conselho de Administração da Eletrobras levanta suspeita de relações pouco republicanas entre os fundos e o governo Bolsonaro, como é o caso da conselheira Marizete Pereira, conforme denunciado pelo jornal Valor Econômico.

Assim como os bancos credores estão questionando judicialmente a 3G Radar, a PWC e a atuação da CVM, sindicatos e associações de trabalhadores também estão questionando as maracutaias praticadas por essa gestão predatória, em particular os absurdos feitos durante o processo de privatização. AEEL e CNE, na qualidade de defensoras dos interesses dos trabalhadores e como acionista minoritária da empresa, não vai se calar diante de todas as irregularidades que foram cometidas durante a privatização até que esse processo seja revisto e a empresa reestatizada! Continuaremos na luta para que todos aqueles que compactuaram com essas manobras, paguem caro por seus erros! Enquanto há vida, há luta!

O sucateamento da empresa vem com o projeto de demissão de 4.100 trabalhadores em menos de 4 meses.

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