Diretoria insiste em dizer que mobilizações não eram necessárias e não aceita abonar o ponto dos trabalhadores que conquistaram o início das negociações do plano de saúde e da PLR 2023

No final da tarde desta segunda-feira, dia 03, ocorreu a reunião da Comissão de Recursos Humanos (CRH), entre Sindicatos da Intercel e representantes da Diretoria da Celesc. O ponto principal da pauta era a negociação sobre a codificação do ponto dos trabalhadores que participaram da paralisação em 1° de junho e da mobilização no dia 22 de junho, na Administração Central. Além disso, também foram retomadas as discussões sobre a mudança da política de viagens na empresa, assunto que vem sendo tratado pela Intercel há algum tempo, com o retorno prometido pela Celesc após o período definido pela empresa como de experiência, de 17 de abril a 17 de maio.

A reunião teve início com a representação da empresa alegando que “não havia necessidade da paralisação” e afirmando que todos os itens questionados durante as mobilizações da categoria estavam sendo encaminhados pela Diretoria, o que infelizmente não é verdade. A Intercel argumentou que, antes dos movimentos, foram realizadas diversas tentativas de negociação, provocadas por meio de correspondências enviadas à direção da empresa, sem qualquer resposta. Foi pontuado, inclusive, que na última correspondência, datada do começo de maio, houve a solicitação de que as negociações tivessem início no prazo de quinze dias, período no qual não houve qualquer retorno formal da Celesc. As entidades sindicais mencionaram que a grande adesão da categoria na paralisação demonstrou a insatisfação de trabalhadoras e trabalhadores em todo o estado com a postura da Diretoria diante das reivindicações da categoria.

Os Dirigentes sindicais reivindicaram o abono do ponto de trabalhadoras e trabalhadores que participaram dos atos, o que transmitiria à categoria uma mensagem de mudança de postura da Diretoria, percebida na reunião ocorrida no último dia 30 – quando começaram as discussões sobre a criação do Novo Plano de Saúde e da PLR 2023 – e o abono das horas paralisadas demonstraria o fim de um período de animosidade e início de um novo momento, de construção.

A Diretora de Gestão Corporativa, Pilar Sabino, repetiu que o Presidente sempre teve agenda para os sindicatos e que toda a Diretoria esteve com as portas abertas para ouvir e dialogar com a representação da categoria, o que acaba confirmando a distorção que a Celesc tem provocado sobre o tema, tentando confundir “conversar” com “negociar”. Foi apontado, ainda, que esta foi a primeira mobilização na história da Celesc em que a categoria pedia a abertura de negociações, que sequer haviam iniciado. Mesmo após os argumentos da Intercel, a Diretora informou que a decisão da Colegiada foi pelo desconto dos dias daqueles trabalhadores que aderiram aos movimentos em 1° e 22 de junho, sem possibilidade de negociação.

Dada a intransigência da empresa em relação ao abono dos dias, a Intercel cobrou que houvesse, de fato, negociação sobre as horas a serem descontadas, e não uma decisão imposta unilateralmente, avançando para a possibilidade de compensação das mobilizações. A Diretoria propôs a compensação das horas através do desconto no banco de horas, mas, infelizmente, rejeitou qualquer forma de compensação para os empregados que trabalham em turno de revezamento, demonstrando um grande desrespeito com os empregados que atuam na operação do sistema elétrico e são responsáveis diretos pelo atendimento à sociedade e pelos índices técnicos da empresa.

O resultado deste debate e o comunicado encaminhado pela empresa aos trabalhadores demonstra que, mesmo após duas grandes mobilizações, a Diretoria da Celesc insiste em iludir a categoria. No e-mail em que dá a sua versão da reunião da Comissão de Recursos Humanos, a Diretoria afirma que “a Companhia já havia anunciado que os assuntos demandados por eles estavam sendo encaminhados, não havendo, portanto, necessidade de paralisação”. A realidade é que, em todos os momentos em que foi cobrada pelo início das negociações efetivas, a Diretoria sequer respondeu às entidades sindicais.

Nem as cartas encaminhadas pela Intercel tiveram retorno, demonstrando que nada estava sendo encaminhado. Receber os sindicatos em reuniões onde foi apresentada a pauta da categoria em defesa da Celesc Pública e a cobrança de uma boa interlocução é muito diferente de sentar à mesa de negociação, debatendo as reivindicações dos trabalhadores para que se construa um acordo coletivo.

Insistir em uma narrativa de que os assuntos estavam sendo encaminhados serve, unicamente, para criar uma desculpa com objetivo de punir os trabalhadores que se mobilizaram para destravar a inércia da Diretoria. A grande verdade é que a negociação do Plano de Saúde e da Participação nos Lucros e Resultados 2023 só ocorreu por conta das mobilizações realizadas nos dias 1º e 22 de junho e a postura da Diretoria em não abonar o ponto dos trabalhadores e de impor prejuízos a uma parte da categoria demonstram que as reiteradas falas prometendo a valorização dos trabalhadores não passam de um discurso vazio.

Mudança na política de viagens

O outro ponto tratado na reunião desta segunda-feira foi a mudança da política de viagens da Celesc, ocorrida no mês de abril, que gerou grande insatisfação da categoria. Na última reunião, a empresa havia se comprometido a apresentar uma resposta aos Sindicatos até 17 de maio, prazo novamente desrespeitado pela Diretoria. A Celesc alegou ter feito uma pesquisa com todos os trabalhadores que viajaram pela empresa nos últimos meses e ter recebido um retorno positivo sobre a mudança na forma das hospedagens.

Entretanto, a questão da hospedagem nunca foi o motivo da insatisfação dos trabalhadores, mas sim os valores referentes à alimentação, que são claramente insuficientes. Lamentavelmente, a pesquisa realizada pela Diretoria tinha apenas uma questão sobre o tema e mesmo assim ficou evidente a insatisfação que os sindicatos já haviam relatado. Novamente, descolada da realidade do dia a dia de trabalho dos celesquianos, a Diretoria apresentou um aumento de apenas R$10 (dez reais), ressaltando que a proposta ainda dependia de aprovação da Diretoria Colegiada.

Para os sindicatos da Intercel, a proposta consolida o desrespeito com a categoria e com os trabalhadores que viajam a serviço da empresa, impondo uma realidade onde o empregado terá de pagar para trabalhar. A Diretoria parece não conseguir ter compreensão e empatia das dificuldades dos trabalhos em campo e e em locais ermos, com poucas opções para a alimentação o que, via de regra, aumenta ainda o custo, ao passo que a Diretoria retira do trabalhador condições para alimentação, impactando negativamente em sua saúde e, consequentemente, na segurança no trabalho. É lamentável que aqueles que estão o dia inteiro em suas salas com ar condicionado, café, água e biscoitinhos à disposição não respeitem aqueles que atendem à sociedade e são, verdadeiramente, a imagem da Celesc.

A proposta da empresa ainda tomou contornos surreais com a decisão da Diretora de enviar um trabalhador do DPAD para “passar uma semana na companhia” dos empregados de campo, para que este verifique a necessidade de uma alimentação maior. Ou seja, a Diretoria além de atentar contra a saúde alimentar dos empregados, ainda duvida da veracidade de suas reivindicações, tratando os empregados como inimigos.

Liberação da ferramenta de e-mail que permite o disparo a todos os empregados

Por fim, os dirigentes sindicais lamentaram o fato da empresa ter cortado a ferramenta que permitia o envio de boletins, jornais e outros comunicados da Intercel a todos os empregados da Celesc. O fato ocorreu às vésperas da mobilização do dia 22 de junho na Administração Central e prestes a iniciar as Assembleias Regionais e toda a negociação do Acordo Coletivo de Trabalho 2023/2024.

A empresa afirmou ter sido “coincidência” a data e alegou que a mudança se deu pelo fato de ter havido uma atualização da Instrução Normativa que trata da Política de Segurança cibernética, de modo a evitar que cheguem vírus aos computadores da Celesc. O curioso é que a última atualização da normativa foi em março de 2023.

A representação dos trabalhadores apelou, sem sucesso, para que a empresa volte a liberar para os sindicalistas a ferramenta de disparo de e-mails a todos os empregados.

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