As rendas de Dinho

Documentário catarinense é selecionado para 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes

O documentário de curta-metragem As Rendas de Dinho (25’), realizado com recursos do Prêmio Catarinense de Cinema 2018, vai representar Santa Catarina na 23º Mostra de Cinema de Tiradentes. Na programação da Mostra, que acontece na histórica cidade mineira entre 24 de janeiro e 1º de fevereiro de 2020, serão exibidos 80 curtas-metragens representando 14 estados. Os filmes selecionados são de Alagoas (3), São Paulo (18), Minas Gerais (17), Pernambuco (8), Rio de Janeiro (10), Rio Grande do Norte (2), Paraná(7), Santa Catarina (1), Rio Grande do Sul (3), Goiás (4), Paraíba (2), Tocantins (2), Espírito Santo (2) e Sergipe 1).

De acordo com a organização, a Mostra de Cinema de Tiradentes apresenta, exibe e debate, em edições anuais, o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias nacionais, de longas e curtas – uma trajetória rica e abrangente que ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.

A Imaginação como Potência é a temática central da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes e “sugere a imaginação como essa via privilegiada de desafiar a noção convencional de realidade (e de realismo) e confrontá-la. Nesse sentido, a proposta é refletir sobre os caminhos e os desafios do cinema em um momento de constrangimento aos imaginários que estão fora dos padrões normatizados”.

Sobre as rendas de Dinho

Gravado entre 22 e 25 de maio de 2019, com direção e roteiro de Adriane Canan e direção de fotografia de Débora Klempous, As rendas de Dinho mostra fragmentos do universo superlativo de Ediwaldo Pedro de Oliveira, o Dinho, o primeiro e um dos únicos rendeiros da ilha de Santa Catarina.  O filme teve pré-estreia em Florianópolis em setembro de 2019, já foi exibido em universidades catarinenses e também para a comunidade onde Dinho mora.

A renda é um fio condutor de uma espécie de talk show sobre a extraordinária história de vida do personagem, hoje com 63 anos. Dinho rompeu cedo com protocolos tradicionais. Enquanto os outros garotos de uma das mais tradicionais comunidades de Florianópolis, o Pântano do Sul, iam para alto-mar e já começavam a lida com as redes de pesca, ele aprendia a fazer renda de bilro, às escondidas, com uma prima.

Cedo também aprendeu o que é o preconceito relacionado à orientação sexual. Foi embora de sua cidade, viveu em diversos lugares: São Paulo, Toronto, Vancouver. Foi garçom de figuras importantes em São Paulo. Foi dançarino e professor de lambada no Canadá. Viveu amores, ganhou muitos amigos.

Há cerca de 20 anos, voltou ao Pântano do Sul. Já foi dono de um bar onde, entre as mesas e o balcão, tramava sua renda. Foi motorista de ambulância. Foi precursor na organização do Carnaval e nos desfiles de fantasia no Pântano. Hoje a renda é seu foco. Representa Santa Catarina em intercâmbios: viaja para ensinar as técnicas de renda de bilro próprias de seu lugar.

Foi uma das personalidades a receber a Medalha Manezinho da Ilha Aldírio Simões, um tradicional reconhecimento a quem difunde a cultura de Florianópolis, em cerimônia realizada em agosto de 2019, na Câmara de Vereadores de Florianópolis. Dono da própria trama, agora é protagonista do documentário.

O filme tem a equipe composta majoritariamente por mulheres. As locações principais foram no Pântano do Sul, onde Dinho vive e nasceu, e o Mercado Público, seu atual local de trabalho, no Armazém da Renda. Por meio da trajetória do protagonista, que comanda a narrativa do documentário quase como um apresentador de si mesmo, de uma curadoria afetiva em imagens de arquivo e da presença de alguns de seus muitos amigos, o filme questiona qual o lugar das pessoas no mundo.

Dinho é do Pântano e é do mundo? Como o Dinho do mundo vê o Pântano? Como o Pântano vê o mundo? E o amor? Dinho fala com amor, saudades e alegria para o Pântano e para o mundo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.