Nos idos de 1968

Cavalaria da polícia avança sobre estudantes que realizavam missa pela morte do estudante Edson Luís, em 1968. “Esse dia foi um massacre total”, relembra o fotógrafo.

2018 marca os 50 anos do movimento de 1968, que teve seu apogeu no maio de 68, na França, e tornou-se ícone de uma época onde a renovação dos valores veio acompanhada pela proeminente força de uma cultura jovem. A liberação sexual, a Guerra no Vietnã, os movimentos pela ampliação dos direitos civis compunham toda a pólvora de um barril construído pela fala dos jovens estudantes da época.

Estudante de medicina durante protesto na Cinelândia

Os saudosistas do maio de 1968 o veem como um momento memorável na história da liberdade e dos direitos humanos. Mesmo sem alcançar algum tipo de conquista objetiva, o movimento indicou uma mudança de comportamentos.

As artes, a filosofia e as relações afetivas seriam o espaço de ação de um mundo marcado por mudanças. A explosiva revolta estudantil e operária que mudou para sempre o Ocidente completa 50 anos.

Por exemplo: os trabalhadores franceses realizaram neste ano uma greve geral de várias semanas que desembocou em acordos trabalhistas que representaram um aumento de 35% do salário mínimo.

No Brasil tivemos também nosso 68 e seu apogeu foi a Marcha dos 100 mil, uma manifestação popular contra a Ditadura Militar no Brasil, organizada pelo movimento estudantil. Ela aconteceu em 26 de junho de 1968, na cidade do Rio de Janeiro, e contou coma participação de artistas, intelectuais e outros setores da sociedade brasileira.

Imagem emblemática de João da Baiana, Clementina de Jesus, Pixinguinha e Donga durante a Passeata dos Cem Mil contra a censura e ditadura militar

Prisões e arbitrariedade eram as marcas da ação do governo militar, relativamente às crescentes manifestações de protesto dos estudantes contra a ditadura que se instalara no país, em 1964.

A repressão policial atingiu seu apogeu no final de março de 1968, com a invasão do restaurante universitário”Calabouço”, onde os estudantes protestavam contra a elevação do preço das refeições. Durante a invasão, o comandante da tropa da PM, aspirante Aloísio Raposo, matou o secundarista Edson Luís de Lima Souto, de 18 anos, com um tiro à queima roupa no peito.

O fato, que comoveu todo o país, serviu para acirrar os ânimos. O fotojornalista Evandro Teixeira que, à época, trabalhava para o Jornal do Brasil, tornou-se o autor das fotos mais representativas da Passeata dos Cem Mil expostas nesta página.

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