É de assustar mesmo: diretoria de finanças zomba da saúde e da segurança dos trabalhadores durante Sipat

Nesta terça-feira, dia 13, iniciou na Celesc a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Sipat). Por conta das restrições impostas pela pandemia, a Sipat está sendo realizada de forma virtual, com transmissão através da Celnet.

Em um setor altamente periculoso onde qualquer acidente pode ter graves consequências para a vida dos trabalhadores, a segurança deveria ser tratada com seriedade. Infelizmente, a Diretoria da Celesc, que tanto usa a segurança como propaganda, na prática trata a vida dos trabalhadores com descaso.

No primeiro dia de SIPAT, a programação da tarde seria uma “reflexão” sobre o Ciclone Bomba, com os diretores Pablo Cupani, Sandro Levandoski e Claudine Anchite. Em um cenário extremamente complexo, com restrições por conta da pandemia e diante de um desastre natural de grandes proporções – agravado pela incompetência e irresponsabilidade da diretoria com o Quadro de Pessoal – os celesquianos se expuseram ao risco para restabelecer a energia no Estado.

Neste período, ao menos 3 acidentes de trabalho foram registrados. A lógica da reflexão, feita em uma semana dedicada à prevenção de acidente, deveria ser analisar os acontecimentos e tirar lições para garantir melhores condições de saúde e segurança para os trabalhadores.

Ao invés disso, a Diretora de Finanças, Claudine Anchite, decidiu que esta era uma oportunidade para aterrorizar os trabalhadores. Destoando de todo o objetivo da SIPAT, a antiga Diretora de Gestão Corporativa fez uma apresentação sobre as finanças da empresa. A correlação entre finanças e segurança sempre foi prejudicial aos trabalhadores.

É no discurso de “austeridade” que se apontam as armas contra direitos e, até mesmo, contra as condições de trabalho. A reflexão sobre o Ciclone Bomba dentro de um evento voltado à prevenção de acidentes jamais deveria explorar os impactos financeiros na empresa, mas sim como um desastre de grandes proporções afeta os trabalhadores.

Por mais que a Diretoria da empresa feche os olhos para a realidade, os celesquianos trabalharam à exaustão e foram expostos a riscos e, em alguns casos, sofreram acidentes, por atos equivocados. Se era para refletir, esse era o momento da Diretoria admitir seus erros e, diante dos trabalhadores, apresentar propostas para o futuro que respeitem a saúde e a segurança dos celesquianos.

Se a apresentação realizada já é um desrespeito, uma gafe da Diretora demonstrou o tamanho do desprezo com os trabalhadores. Por alguns momentos, a tela do computador da Diretora ficou aberta sem a apresentação, expondo aos trabalhadores uma conversa no WhatsApp Web. Nela, a Diretora agradece alguém que lhe encaminhou a apresentação, dizendo que era para “assustar o celesquiano”.

Aos risos, a Diretora ainda zombou da importância da SIPAT. “Saúde e Segurança da empresa KKKK”. É realmente de assustar que a Celesc tenha uma Diretora que trata assuntos sérios como uma oportunidade de amedrontar os trabalhadores. Infelizmente, ao mesmo tempo que assusta, não surpreende. A violência e desrespeito na gestão de pessoas remontam à época em que a Diretora ainda respondia pela Gestão Corporativa, atacando direitos, representações e desrespeitando todo o histórico de conquistas e de trabalho coletivo.

É realmente de assustar que a Celesc tenha uma Diretora que trata assuntos sérios como uma oportunidade de amedrontar os trabalhadores. Infelizmente, ao mesmo tempo que assusta, não surpreende.

ÉTICA PROFISSIONAL E NOS RELACIONAMENTOS

A gafe da Diretora, escancarada aos olhos dos celesquianos que acompanhavam a SIPAT, demonstra a forma de gestão da atual diretoria: a gestão por medo. Ao invés de envolver os trabalhadores nos assuntos estratégicos e dar continuidade ao trabalho de gestão participativa, a atual Diretoria investe no medo para potencializar resultados, em um claro abuso de poder.

O exemplo de Claudine é mais do que óbvio: a técnica é dominar através do medo para forçar a fazer aquilo que se deseja. E o que a Diretora deseja é a retomada do projeto de ataques aos trabalhadores, das retiradas de direitos, ameaças aos movimentos organizados pelos sindicatos e perseguição às representações da categoria. A gestão por medo encontra eco na arrogância de quem a utiliza.

Mas a arrogância tende a deixar as pessoas descuidadas. E o descuido da Diretoria de deixar à mostra suas intenções, talvez seja uma lição muito valiosa para os celesquianos. Quando se fala de saúde e segurança, a tendência é pensar nos riscos elétricos, afinal de contas, o setor é altamente periculoso. Porém, é preciso pensar, também, na saúde mental dos trabalhadores.

A gestão por medo é altamente prejudicial aos trabalhadores pois, quando o medo se torna filosofia de trabalho – como é a da Diretora de Finanças – o ambiente de trabalho saudável não existe mais. Além de se tornar um exemplo imediato, é preciso ressaltar que a gestão do medo é extremamente antiética. E as ações da Diretora ferem as normas estabelecidas no Código de Conduta Ética da Celesc.

Afinal de contas, como acreditar que uma Diretora que pretende “assustar os celesquianos” ao invés de debater a saúde e segurança durante a SIPAT é “um exemplo de comportamento ético para os empregados da Celesc”, como determina a letra A) do item 2.2 – Regras para Diretores e Gerentes do Código de Conduta Ética vigente na empresa?

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO FECHA OS OLHOS PARA SITUAÇÃO IRREGULAR DA DIRETORA DE FINANÇAS

Ainda de acordo com o Código de Conduta Ética, os diretores devem “cumprir os requisitos previstos em lei, estatutos e normas internas para o exercício de suas funções”. Neste caso, a Diretora de Finanças e Relações com investidores, Claudine Anchite, descumpre o código com conivência do Conselho de Administração da empresa.

A Lei das Estatais (13.303/16) estabelece as condições e pré-requisitos para ocupação de cargos na administração pública. Um decreto estadual determinou as diretrizes de aplicação da lei federal 13.303/16 em Santa Catarina, e estabelece as condições necessárias a serem obedecidas quanto ao treinamento dos administradores.

Entre elas está a necessidade de, anualmente, participar de curso sobre os temas: Orientação Técnica e Formação em Governança Corporativa; Legislação Societária e Mercado de Capitais e; Lei federal nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. Enquanto todos os demais diretores da empresa realizaram o treinamento e obtiveram o certificado, a Diretora não concluiu o curso por não cumprir a carga horária mínima imposta pela Escola e Governo ENA.

Desta forma, em dezembro de 2019, o Comitê de Elegibilidade, à época presidido pelo Representante dos Empregados no Conselho de Administração, não aprovou sua recondução, estabelecendo um prazo de 90 dias para conclusão do curso e apresentação do certificado. Em abril, findo o prazo estabelecido, a Diretora solicitou nova prorrogação por conta da pandemia.

Na reunião de 25 de abril, convenientemente durante a ausência do Representante dos Empregados no Conselho de Administração que acompanhava o filho pequeno no hospital, o Conselho deliberou pela prorrogação por tempo indeterminado do prazo dado à Diretora. A decisão do Conselho fere, também, o código de ética ao permitir que a Diretora permaneça exercendo o cargo sem cumprir todos os requisitos legais.

Aliás, a justificativa registrada em ATA é lamentável: “Tendo em vista as atuais circunstâncias, e que a Diretora foi diligente em sua solicitação, o conselho aprovou a prorrogação do prazo por tempo indeterminado”. Onde existe diligência da Diretora quando a mesma não cumpriu uma obrigação que todos os demais diretores cumpriram?

Ao deixar em aberto o cumprimento dos requisitos legais para ocupação do cargo, o Conselho não só faz vista grossa para a situação irregular como é conivente com a gestão por medo demonstrada pela Diretora durante a SIPAT.

O Conselho não só faz vista grossa para a situação irregular como é conivente com a gestão por medo demonstrada “ pela Diretora.

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