Duas catástrofes: impactos de ciclone evidenciam a péssima gestão da diretoria da Celesc

A passagem do ciclone que atingiu Santa Catarina no último dia 30 de junho deixou um rastro de destruição. O impacto sobre a rede de energia elétrica foi o maior da história da Celesc, com quase 1,5 milhão de unidades consumidoras sem energia. Neste cenário, os trabalhadores da Celesc têm se esforçado para recompor o sistema e reestabelecer o fornecimento de energia em todo o Estado de Santa Catarina.

O trabalho no setor elétrico é complexo e perigoso. Em uma situação de pandemia como a que vivemos, os riscos se tornam ainda maiores. Diante de uma situação de calamidade pública, onde ainda existem consumidores sem energia, é compreensível a ansiedade da população pelo retorno à normalidade.

Entretanto, a ansiedade não pode se tornar agressão àqueles que estão trabalhando em prol da sociedade catarinense. Relatos feitos aos sindicatos que compõem a Intercel dão conta de ameaças e agressões aos celesquianos que têm feito o impossível para atender o povo de Santa Catarina.

Infelizmente, a realidade na Celesc é impactada pela má gestão da atual Diretoria da empresa, que desde o início de 2019 tem, sistematicamente, reduzido os quadros de empregados próprios e apostado na terceirização. Em um ano atípico por conta da pandemia de COVID-19 que assola o mundo, os sindicatos já alertavam para a necessidade de garantir uma estrutura de atendimento à sociedade catarinense.

De forma irresponsável, a Diretoria rejeitou a solicitação dos sindicatos da Intercel para prorrogar as saídas do Plano de Demissão Incentivada até o fim de 2020, garantindo as reposições em número suficiente para manutenção de um quadro de trabalhadores com condições de atender a sociedade em todos os momentos, principalmente em situações de contingência.

Mesmo antes da catástrofe, a Diretoria apostava na sorte e no desrespeito ao quadro de dotação. Com as saídas do PDI, a ação da Diretoria foi a de unificar atendimentos de cidades vizinhas ao invés de recompor os trabalhadores. A medida, que afronta o quadro de dotação aprovado pelo Conselho de Administração e é fruto de debate com os sindicatos da Intercel por intermédio do Ministério Público do Trabalho, expôs ainda mais fragilidades latentes no atendimento à sociedade.

Por obra do destino, o ciclone atingiu Santa Catarina no exato dia em que um grande número de trabalhadores se desligava da empresa. Sem um plano estruturado para garantir o atendimento à sociedade, os danos causados pelo ciclone ficaram ainda mais complexos para serem resolvidos. A redução do número de trabalhadores próprios tem sido bandeira da Diretoria, que tenta emplacar a terceirização geral e irrestrita na empresa.

Entre janeiro de 2019 e julho de 2020 houve uma redução de, aproximadamente, 20% da força de trabalho de eletricistas, o que evidencia a irresponsabilidade com o patrimônio público. A incompetência da diretoria não pode ser descontada nos celesquianos. Aqueles que hoje estão nas ruas reestabelecendo o sistema são heróis que arriscam suas vidas pelo bem estar da população.

Aqueles que estão atendendo de todas as formas a população são o retrato de uma empresa que tem compromisso com Santa Catarina. Infelizmente, como tem se tornado marca desta administração, novamente a Diretoria abandona os trabalhadores à sorte. Em nenhum momento houve manifestação em defesa da segurança dos celesquianos.

Com a inércia e o silêncio, os ataques e ameaças se intensificam. A verdade é que os trabalhadores permanecem atendendo o povo catarinense com qualidade e com responsabilidade, mas com piores condições imposta por uma diretoria que não compreende a importância e a grandeza da Celesc e de seus empregados para o desenvolvimento social e econômico de Santa Catarina.

Os sindicatos da Intercel reafirmam o papel fundamental dos trabalhadores e pedem à população catarinense apoio e respeito aos celesquianos. Não é à toa que a Celesc foi eleita a melhor distribuidora de energia elétrica do Brasil, na avaliação do próprio consumidor. Ultrapassando as dificuldades impostas pela má gestão desta Diretoria, os celesquianos reestabelecerão o fornecimento de energia à toda a população catarinense com segurança e qualidade, o mais breve possível.

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