Agosto Lilás debate o fim da violência contra a mulher CELESC
Intercel busca apoio de deputados em defesa da Celesc Pública
Sindicatos alertam parlamentares sobre riscos da proposta de reestruturação das diretorias da empresa, que podem representar ameaça ao seu caráter público Quem não conhece os labirintos e corredores do Palácio Barriga Verde – sede do Poder Legislativo catarinense – pode pensar que visitar o gabinete de um deputado é uma tarefa rápida. Não é. A maioria dos gabinetes não funciona com agendamento de horários e é necessário dialogar com as assessorias para conseguir uma brecha na agenda com cada parlamentar.
A disputa na porta do gabinete é grande: trabalhadores de inúmeras categorias, pequenos e grandes empresários, prefeitos, vereadores, líderes religiosos e de movimentos sociais se acotovelam na recepção de cada gabinete para conseguir levar seus pleitos e suas demandas aos ouvidos dos parlamentares eleitos pelo povo catarinense. Há situações em que é necessário aguardar uma hora – e até mais – para ter dez minutos de diálogo com o/a deputado/a. É preciso ter persistência para conseguir acessar os 40 gabinetes existentes hoje na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
Pois desses 40 gabinetes, a Intercel conseguiu dialogar com 36 deles em 6 dias de trabalho. A agenda dos políticos eleitos se reveza entre dias de trabalho nas bases, ouvindo demandas e dialogando com a população nas diversas regiões do estado, e dias de atividades na própria Alesc – em reuniões com assessores, participação em Comissões e votações, além de visitas técnicas e representativas em diversas agendas externas. Além de fiscalizar o Executivo, um dos principais papéis do/a parlamentar é ouvir as necessidades do povo e criar leis que possam facilitar a sua vida.
A Intercel realiza essas visitas e diálogos permanentemente, há algumas décadas. Houve período, inclusive, em que a Assembleia Legislativa teve um celesquiano entre seus quadros, o saudoso Lício Mauro da Silveira (1943-2010), que teve quatro mandatos: 1995-1999, 1999-2003, 2003-2007 e 2007-2011. Lício chegou a ser reeleito no pleito de 2010 pelo PP para mais um mandato, mas não chegou a tomar posse por ter falecido logo após a eleição. Lício fez a defesa da manutenção da Celesc enquanto empresa pública com brilhantismo e conhecimento de causa por todo esse período.
Na avaliação do Coordenador da Intercel, Ailton Communello, “é fundamental manter a presença na Alesc, dialogando com os deputados, trazendo informações e números que demonstram a qualidade do trabalho de celesquianas e celesquianos, comparando com outras concessionárias que foram privatizadas e alertando sempre que há algum risco de mudança que possa prejudicar os serviços à população. No cenário atual, os sindicatos têm dialogado com os deputados sobre o projeto de reestruturação administrativa, que prevê mudanças de competências, alteração na autonomia das Regionais e escancara as portas para a terceirização.
Deputados e deputadas estão sendo alertados do retrabalho que a terceirização gera, dos riscos do aumento da demora no atendimento ao restabelecimento de energia tanto do consumidor residencial como do comércio, pequenas e grandes indústrias e do possível projeto de privatização da companhia a longo prazo”.
Na maioria dos gabinetes visitados houve o compromisso da manutenção da Celesc Pública e da atenção a qualquer projeto sobre a empresa que venha a tramitar na Alesc. O alerta está feito. Não há qualquer motivo que justifique uma reestruturação, que poderia abrir caminho para a privatização de uma das melhores concessionárias de energia do Brasil.
Agosto é marcado pela mobilização pelo fim da violência contra as mulheres, com uma série de ações em todo o país. O Agosto Lilás é um marco anual de conscientização e enfrentamento à violência contra as mulheres e, nesse ano, ganhou força com a campanha “Não deixe chegar ao fim da linha. Ligue 180”, que reforça o papel da Lei Maria da Penha como instrumento de proteção e transformação de vidas.
A campanha tem como foco informar, proteger e convocar a sociedade à responsabilidade coletiva, com especial atenção às mulheres em situação de violência. Com linguagem acessível e abordagem educativa, a mobilização busca ampliar o conhecimento sobre os direitos garantidos pela legislação, os canais de denúncia e os serviços especializados de atendimento.
“A vida das mulheres depende de ações concretas, políticas públicas sérias e uma comunicação que acolha, oriente e proteja. O feminicídio é evitável, e o Governo Federal tem o compromisso de virar essa chave”, afirma a ministra das Mulheres, Márcia Lopes.
Em 7 de agosto, a Lei Maria da Penha completou 19 anos. Reconhecida internacionalmente como uma das legislações mais avançadas no enfrentamento à violência contra as mulheres, a norma estabelece medidas protetivas e instrumentos legais para garantir a segurança e a dignidade das vítimas.
Segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado este mês, 1.492 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2024, o que representa uma média de 4 feminicídios por dia. A maior parte das vítimas eram mulheres negras (63,6%), com idade entre 18 e 44 anos (70,5%). Mais da metade dos crimes ocorreram dentro da casa da vítima (64,3%), e 8 em cada 10 feminicídios foram cometidos por companheiros ou ex-companheiros.
Ligue 180: o canal de denúncias e acolhimento O Ligue 180 é o canal oficial para denúncias de violência contra a mulher no Brasil.
Gratuito, sigiloso e disponível 24 horas por dia, o serviço realiza acolhimento, orientação e encaminhamentos necessários para garantir a proteção das vítimas.